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Read Ebook: The Book of Art for Young People by Conway Agnes Ethel Conway William Martin Sir

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Ebook has 453 lines and 45924 words, and 10 pages

Que prudencia mais soberana, do que ordir innocentes enredos, para c?seguir gloriosas victorias; fia o bicho da seda os la?o, em que se prende, & se encarcera a si mesmo, mas quando he tempo, quebra a prizam, & sahe victorioso. Nos labirintos da Corte, muitos se enredam no que tecem, mas nam se sabem desembara?ar, do em que se enred?o.

Qual dos mais solitarios ermitaens pode competir com o bicho da seda, nas asperezas da penitencia? & qual contemplatiuo Anacoreta, viueo como elle em h?a cella sem porta, & sem janella, jejuando com tam grande rigor, que pello espa?o de muitos dias, nam toma h?a folha verde para seu sustento, & tam apartado deste mundo, que viue retirado em hum outro mundo, morto na apparencia, & na realidade sepultado.

Em conclusam, este mesmo insecto, que parece nascido para fomento de pomposas vaidades, he aquelle, que melhor nos desengana da vaidade das pompas humanas, porque a riqueza das sedas que laura, nam he outra cousa, que o excremento das folhas, que come, & para nos aduertir, que a nossa vida depende de hum fio, ? tecidura de hum o fio se reduzem todas as obras da sua vida; cuidemos todos na fragilidade da vida humana, para n?s assegurarmos h?a morte santa. A arte das artes he saber morrer, porque o premio desta arte, he o mesmo Deos na eterna bem-auenturan?a: Os erros, que nas mais artes se cometem, sam reparaueis, mas he irreparauel o desacerto de huma m? morte: Esta he a mais importante aduert?cia, das que se encerr?o nesta introduc??o, fiz as duas primeiras como zeloso do bem do Reyno, & remato com esta, como desejoso do bem das Almas.

D. RAFAEL BLVTEAV

Clerigo Regular Theatino da diuina Prouidencia.

NOTAS DE RODAP?:

INDEX

DOS PRINCIPAES AVTHORES, que escreueram o nacimento, cria??o, vida, & propriedades do bicho da seda.

INDEX

DOS CAPITULOS, QVE contem este Liuro.

INSTRVC?AM

SOBRE A CULTURA das amoreiras, & cria??o dos bichos da seda.

Como o fundam?to principal da seda, depende das amoreiras, esta rica aruore, cujas folhas seruem de sustento aos bichos, ser? o assumpto dos primeiro Capitulo deste Tratado.

Duas sortes de amoreiras se conhecem, h?as brancas, & outras negras. A differen?a, que as primeiras fazem das seg?das, come?a pello fruto, porque produzem c?mumente amoras brancas, ou pardas, mais pequenas que as negras, & menos saborosas; as folhas sa? de hum verde mais claro, a casca, & a madeira mais branca, & he a razam, porque conseruam o nome de brancas, ainda que alg?as produz?o amoras negras.

Posto que as folhas de h?as, & outras, sirua? ? nutritura dos bichos, as folhas das amoreiras br?cas se prefer? ?s das amoreiras negras, por quatro razo?s. Primeira, porque sa? mais tenras, & delicadas, & de melhor gosto, & alim?to aos bichos: Segunda, porque produzem a folha vinte dias primeiro, que as outras, & se anticipa com ellas a cria?a? dos bichos, de vinte dias, ?s calmas do mez de Iunho, que lhe sa? c?trarias: Terceira, porque ellas aruores crec?, & se cultiu?o mais facil, & breuemente, que as outras: Quarta, porque em alg?as terras, a experiencia tem mostrado ser a seda dos bichos, que se sustenta? da folha destas amoreiras, mais fina, & de mais valor. Por?m a experi?cia tem mostrado, que a seda de Portugal, a?de s? se vza das amoreiras pretas, he melhor, que a mais fina de Italia, como que se podem s? plantar as amoreiras brancas, pela segunda calidade de anticiparem as folhas, & suposta esta razam se podem p?r entre dez amoreiras pretas, duas brancas.

Ella aruore he a mais fermosa, & a mais vtil de todas as aruores, que seruem ao ornato dos c?pos, & ao proueito dos homens, quanto ? fermosura, o proua bem a sua vista, quanto ? vtilidade, o manifesta? os seus effeitos, que sa? a vnica riqueza de muitas, & gr?des Cidades.

Os seus troncos nam differem dos choupos, & de todas as outras aruores fortes, & resistem ? agoa mais que todas, donde se segue, que seru? a todo genero de obras de terra, & mar, & alguns naturalistas escreu?, que a sua casca serue para fazer cordas, & para h?a fabrica de panos grosseiros.

A natureza prouida na cria?am dos bichos da seda, que hauiam de seruir ao ornato do mundo, izentou esta aruore de toda a sorte de animaes immundos, & venenosos, que comem as folhas, & os frutos de todas as outras aruores, porque nenhum se vio j? mais nas amoreiras; este attributo, & este priuilegio da natureza, he propriedade especifica desta nobre planta.

He esta aruore ta? fertil na produc??o de seus ramos, que quem tem copia de amoreiras, tem lenha em grande abundancia para o fogo, sem incommodar as aruores.

A riqueza das suas folhas he tal, que duas aruores de justa grandeza, basta? para o sust?to de meya on?a de gra?s de bichos, os quaes criandose mediocremente, produzem seis, ou sete arrateis de seda, que de ordinario se vende por tres mil reis, o arratel.

As suas folhas, sa? o melhor alimento, que a terra produz para o gado, & o seu fruto o melhor, que se conhece para seuar galinhas, frangos, capoens, & toda a sorte de Aues.

Ha quatro modos de pl?tar, & criar esta vtil aruore.

Primeiro, por sem?te tirada das amoras.

Segundo, por mergulho dos ramos, que sahem ao p? da aruore, junto ? terra.

Terceiro, por estacas, & ramos cortados, & plantados em outro lugar.

Quarto, por enxerto de amoreiras br?cas em pretas, ou em quaesquer outras aruores proprias para sofrer o enxerto.

Quanto ao primeiro modo, he conueniente que seja em lugar fechado, defendido, & abrigado dos ventos frios, & em terra cauada, mouida, & estercada com esterco meudo, & depois lan?arlhe a semente na altura de hum dedo, de sorte que os gra?s fej?o bem cubertos.

O mesmo effeito produzem as amoras inteiras, postas h?a noyte de molho em agoa clara, & nam se meta, ou junto, ou entre as sementes, alg?a outra planta.

Se a terra he humida, nam he necessario regalas, porque cria h?a codea que impede, que a pl?ta saya; & por conseruar a humidade da terra, he bom cubrir o lugar, aonde est? a semente, c? palha, ou j?co, & se se semear na Primauera, conuem defender o lugar de Pardais, ou outras quaesquer Aues.

Ha duas sezoens proprias para esta cultura, por semente.

Primeira: Abril, & Mayo.

Segunda Iulho, & Agosto.

E em Portugal se pode anticipar, de hum mez a primeira.

A sesa? da Primauera, he a melhor; em h?a, & outra sesa?, se he possiuel, se deue escolher no quarto crescente da Lua hum dia claro, & sereno; meterseham as sementes em distancia de quatro p?s de h?a a outra, & depois de pegadas em dias quentes, se p?dem, & deuem regar com instrumentos de arame, que tenham os buracos meudos.

Nas terras frias, ha outras cautelas, contra giadas, & neues, que entre n?s sa? inuteis.

Depois de plantadas as amoras he necessario mouer, & trabalhar a terra, pello menos tres vezes cada anno, nos mezes de Abril, Iunho, & Agosto, quando a terra esteja, humida ou pella chuua, ou pello orualho, mas de sorte, que este trabalho da terra, nam toque as raizes. Quando for necessario, se regar?? s?mente, porque a demasiada agoa, nam fa?a apodrecer as raizes.

Nos mezes de Mar?o, & Abril seguintes, he necessario podar, & cortar c? hum instrumento muito fino, os ramos que os troncos lan?arem, o que se continuar ? todos os annos, cortandose tamb? o tronco no mais alto, meyo palmo s?mente, & quando for cresc?do, se lhe deixar?? ao mais, tres ramos.

E como c? este cuidado, & beneficio, chegarem ? altura de seis p?s, & ? grossura de hum bra?o, se transplantar?? nos lugares aonde se quizerem p?r, aduertindo quese se houuerem de transplantar em campo descuberto, & exposto a todo o genero de animaes, ser? conueniente deixar crecer as aruores, a outo p?s de alto.

Isto mesmo, se obseruar? com as aruores, que vierem de Prouincias distantes, & lugares estr?geiros; se vier? pequenas, se meter?? em lugares serrados, & defendidos, com distancias proporcionadas, & se ter? o mesmo cuidado de as cultiuar.

E se vierem da grandeza de seis, ou outo p?s, as transplantar?? logo fazendo, se puder ser, que cheguem nos mezes de Set?bro, Outubro, & Nouembro, que he o tempo em que h?as, & outras se deuem transpl?tar, ou ao menos nas Luas nouas de Mar?o, & Abril.

Quando se transplantarem, se abrir?? cauas ? propor?a? das aruores, deixando as aruores mais na superficie, que no fundo da terra; mas he conueniente, que as cauas seja? mais altas, porque a agoa da chuua, que nellas entrar, far? pegar mais fortemente as raizes, & se lan?ar?? nas cauas eruas arrancadas do campo, que vindo a apodrecer, lhe seru? de esterco; mas estas eruas, na? tenha? raizes, & quaesquer outras immundicias, sa? proprias para o mesmo effeito.

Ser? necessario regalas no mesmo tempo, que se metem na terra, & nos mezes seguintes de Iulho, & Agosto, para que peguem bem, & cercar o tronco da aruore de alguns paos, & espinhos, da altura de hum p? para as defender nos primeiros mezes, & se mouer?, & trabalhar? a terra nos primeiros annos.

A m?, & a boa terra he igualmente fructifera para estas aruores, mas a seca, & ligeira mais propria para a b?dade da folha, ainda que na humida, nos valles, & junto a Ribeiras, sa? mayores as aruores, & crecem mais facilmente; & nisto tem as amoreiras a natureza das vinhas, junto das quaes vem com perfei?a?, sem ser? danosas ?s vinhas.

Os lugares mais expostos ao Sol, sa? os melhores. Em toda a parte, onde se puzerem, se lhe dar? distancia de h?as a outras, de duas, ou tres bra?as ao menos, porque naturalmente esta aruore he muito copada, & o tronco muito grosso; mas ainda que se ponha? mais junta, na? deixa? de crecer da mesma sorte.

Avara, ou ramo da amoreira, que estiuer mais perto da terra, & se poder melhor dobrar, se meter? na terra o mais distante da aruore, que puder ser, sem se arrancar da aruore, nem quebrar, de sorte, que nam possa receber a substancia della, fazendo sahir ? superficie da terra hum, ou dous botoens do mesmo ramo, que poderia? produzir outros ramos o anno seguinte, & junto do lugar onde se deixarem de fora, se meter? h?a estaca, a qual dentro da terra se atar? ao ramo com hum junco molhado; he necessario regar esta planta, como fica dito das sementes, at? que lance raizes.

Esta sorte de planta por mergulho, se far? no outono, no vltimo quarto da Lua, ou na Primauera, a tempo que a aruore comece a mostrar, que quer florecer.

No anno seguinte, quando se entender, que o ramo mergulhado tem lan?ado raizes, se cortar? da aruore, & se deixar? no mesmo lugar, ou se passar? a outro, para depois se transplantar, cultiuada como fica dito, at? seis, ou outo p?s de alto, & se se deixar ficar no lugar do mergulho se cortar? s?pre o ramo do tronco da aruore, no segundo anno, porque de outra sorte tirar? a si a substancia da aruore, & a enfraquecei?.

As amoreiras nacem com a mesma facilidade por estaca, que por semente, & mergulho.

Quando a amoreira quizer florecer se cortar? hum ramo, que desse j? dous annos flor, & fruto, & que haja ao menos outo annos, que tenha sahido da aruore, & s?do possiuel seja torto, & tenha duas pontas na parte por onde se cortar, para que metido na terra, o ramo saya direito, & o p? entre torto, & possa formar duas raizes.

Estes ramos se meter?? na terra em regos, como se plantam as vinhas, hum pouco profundos, nam deixando fora da terra mais que dous, ou tres botoens do ramo.

He conueniente fender, & abrir a ponta deste ramo, que entra na terra, de tres, ou quatro polegadas, & meter entre as fenda alg?s gra?s de trigo, ou ceuada, porque vindo a humedecerse, conseruar?m fresco o tronco, & o far?? pegar mais facilmente, conuem regalos, quando for necessario, at? se entender que tem raizes, & crecendo he necessario podalos, & cultiualos, como fica dito, & diante se dir?.

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