bell notificationshomepageloginedit profileclubsdmBox

Read Ebook: Trovas: Canções de Amor by Ferreira Ant Nio Flor Ncio

More about this book

Font size:

Background color:

Text color:

Add to tbrJar First Page Next Page

Ebook has 79 lines and 4321 words, and 2 pages

ANTONIO FLORENCIO FERREIRA

+TROVAS+

+TROVAS+

ANTONIO FLORENCIO FERREIRA

+TROVAS+

Lisboa, 1906.

A. FLORENCIO FERREIRA.

+Trovas+

V?s aquelle enterro humilde, Sem padre, sem cruz, sem nada? V?s aquell'outro, pomposo, Do templo a frente enluctada?

O primeiro ? d'um honrado; Talvez o do outro o n?o seja... Mas ambos, de igual doutrina, S?o filhos da mesma Egreja.

O que me admira e me assombra ? o affecto d'esta m?e, Que ao rico dispensa afagos E ao pobre atira o desdem!

Moram aqui uns vizinhos Que sabem quanto fazemos; S?o capazes de informar-nos Se nos devem, se devemos...

Em vindo qualquer pessoa Nossas ten??es inquirir, Manda-se l?... inteirada Por certo que ha de sahir!

Se os homens, por maus que sejam, Tal n?o podem legislar, Porque a Morte aos criminosos Vem da pena libertar,

Querer que Deus os exceda No rancor e na secura ? de embrenhar nosso espirito Nuns abysmos de amargura!

Deixemos, Amor, deixemos Quest?es de philosophia; Pode nellas haver sciencia, Mas n?o podem ter poesia.

N?o s?o vossos meus cantares, Mulheres que festejei; Vistes o amor em chimeras? Nunca illudir-vos pensei!

De que servem esses gabos, Essa id?a presun?osa? Esquecestes esta maxima: <>

Peregrina luz da lua, Como ? velho o teu palor! Mas, como tu, sempre encanta, Velha embora, a luz do amor!

Oh! consente-me num somno Dormido ao terno embalar Da poesia que se evola Do teu mimoso afagar!

No calor do teu rega?o Que sonhos dev?ra ter! Nos bra?os de huris, de fadas Mais g?zo n?o pode haver!

Meu cora??o foi sangrado; J? se n?o usa a sangria... Por isso, caso hoje raro, Elle sangra noite e dia.

Foi operante... quem amo; A lanceta... o seu olhar; A ligadura... seus beijos, Que n?o tardei a furtar.

E assim elle est? gemente, O meu pobre cora??o, ? espera de que mais beijos O estanquem e ponham s?o!

Deixa-me num fragil barco Nas vagas de iroso mar, Uma vez que nellas ou?a, Mesmo ao longe, o teu cantar!

Lancem-me na horrenda chamma Da cratera d'um vulc?o, Uma vez que assim o indique Tua nivea, linda m?o!

O morrer por ti ? vida; Que importa viver sem ti?... Nem sequer um ai sonhaste, Quando em tantos me exhaur?!

Qual viajante nos desertos, Que nunca a s?de perdeu, Encontrar em v?o procuro Amor que se iguale ao meu!

Dize que seja ao sol-p?sto Que me devem enterrar, Para do sol e das aves A despedida aceitar.

Quero guardar bem guardados Esses mimos de ternura, E dar-t'os quando gelada Baixares ? sepultura.

Em horas tristes minh'alma Vae ao encontro da tua, Qual nocturno caminhante Ancioso da luz da lua.

E fico n?o sei que tempos A teu lado, sem saber Se nessa vida ? que existo, Se na que torno a volver!

O que f?r da nossa indole N?o se pode anniquilar; Digam ?s r?las que matem, Aos lobos que v?o rolar...

Consegue-se por semanas ? inexperiencia mentir, Mas, ou mais cedo, ou mais tarde, Bom, ou mau, tem de surgir.

Tlim, tlim, tlim, tlim, tlim!--Quem bate? --<>--Que pretende?--<> --V?-se embora!--<>

Ai Coimbra, ? minha terra, N?o me encantas! salgueiral, Estas veias do Mondego, Tempos idos, nada val'...

Meu cora??o est? longe, Oh! muito longe d'aqui! Ella, t?o distante, vejo-a! ?lho, e sempre a vejo a si!

Meu Amor, est?s dormindo, N?o te quero despertar... Ha de ser devagarinho Que trovas te vou soltar.

De musgo, lirios e rosas Uma cama irei fazer; De jasmins e de saudades O travesseiro ha de ser.

Quero que vejas nos sonhos, Lindos, bellos, perfumados, Os meus olhos, da vigilia, Tristes, languidos, magoados...

Como s?o bellos os campos Com esta luz verde e ouro! Que namorados gorgeios! E de fructos, que thesouro!

O que me trouxe indeciso, O que me faz vacillar, ? se do sol se douraram, Se tu que os f?ste enfeitar!

Sinto por vezes morderem-me Remorsos...--vis?o pungente! Ditoso de quem for justo! Feliz do que n?o os sente!

Mas nunca tive nem odios, Nem invejas, nem rancores! Remorso ? de arrependidos, Do inferno aquelles horrores!

Teus beijos s?o differentes Dos que costumo trocar: Falam, suspiram, seduzem, Querem minh'alma arrancar!

S?o demorados, cont?nuos; Encerram tanta do?ura, Que me parece abrangerem Dos anjos toda a ternura!

Add to tbrJar First Page Next Page

 

Back to top