Read Ebook: Centenario do Revolução de 1820 Integração de Aveiro nesse glorioso movimento by Gomes Marques
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MARQUES GOMES
Da Academia das Sciencias de Lisboa
Centenario do Revolu??o de 1820
Integra??o de Aveiro nesse glorioso movimento
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AVEIRO
MARQUES GOMES
Da Academia das Sciencias de Lisboa
Centenario do Revolu??o de 1820
Integra??o de Aveiro nesse glorioso movimento
Of. tip. do <
AVEIRO
Estes, principalmente, eram aqui figuras de destaque. A Luiz Gomes de Carvalho devia Aveiro a abertura da sua barra em 1808 e cujas obras dirigia ainda; Fernando Afonso Geraldes, fidalgo da Casa Real, senhor de terras e comendas e o maior proprietario da comarca, que ent?o compreendia os actuais concelhos de Aveiro, Agueda, Albergaria, Estarreja, Ilhavo, Sever do Vouga e Vagos, era superintendente nas mesmas obras desde 1811.
Com as familias Gravito e Barreto estava Manuel Fernandes Tomaz egualmente ligado por la?os de velha amisade, era intimo dos desembargadores Francisco Manuel Gravito da Veiga e Lima e de Antonio Barreto Ferraz Vasconcelos que pelos elevados cargos que desempenhavam e rela??es pessoais que mantinham aqui podiam s?r, e foram, valiosos auxiliares do movimento que se preparava. Segundo as indica??es de Manuel Fernandes Tomaz foram os primeiros preparando a ades?o da oficialidade de ca?adores 10, que desde 1815 tinha o seu quartel em Aveiro. De parte, obtiveram promessa de aderirem ao movimento, dadas determinadas circunstancias, sendo a principal, a oposi??o que de certo faria o comandante do batalh?o, o major Linstow, um oficial inglez, ali?s muito estimado e disciplinador.
Dois dias depois de levantado o grito de liberdade no Porto, chega a Aveiro, vindo de Lisboa, o marechal de campo Manuel Pamplona Carneiro Rangel, que pela regencia havia sido encarregado do governo militar do Porto e que para ali se dirigia. Sabedor do exito da revolu??o, vendo que n?o podia confiar em que Aveiro se conservasse fiel ao governo de Lisboa, atenta a exalta??o de espiritos que se principiava a notar em muitos dos seus habitantes, retrocedeu para Coimbra no dia 29, levando comsigo ca?adores 10. Em Aveiro ficou apenas uma parte do regimento de milicias e a companhia de veteranos. Ao tempo j? o juiz de f?ra Jos? de Vasconcelos Teixeira Lebre, havia sido informado do Porto, por Luiz Gomes de Carvalho, que se dirigia para aqui com o batalh?o de ca?adores 11, o coronel Bernardo de Castro Sepulveda, a fim de auxiliar o pronunciamento da cidade.
O que se passou da? em diante descreve-o esse valente caudilho da revolu??o por esta forma:
< N?o posso deixar de fazer especial, e honrosa men??o do desembargador Fernando Afonso Geraldes, ent?o superintendente da barra de Aveiro, e hoje governador das justi?as do Porto, o qual bem que estivesse f?ra da cidade, em uso de banhos, n?o faltou, mostrando decidida ades?o ao systema constitucional; e do coronel engenheiro Luiz Gomes, que acompanhando-me j?, desde Vendas Novas, distrito da Feira, se uniu dev?ras ? nossa causa, e ficou servindo de governador da dita cidade de Aveiro, por esta mesma considera??o, e em melindrosas circunstancias, por impedimento do proprietario. Tinha oficiado ao ex.^mo Bispo, que estando f?ra da cidade, prometeu mandar o seu juramento por escrito ao Supremo-governo, aderindo desde logo ? justa causa. Aos ministros da comarca expedi ordens para que as expedissem a todos os concelhos sob o juramento nacional, e depositos. Daqui participei ao Supremo-governo as providencias que tinha dado, e que tomava as necessarias medidas para ir segurar em Coimbra um passo t?o interessante como central, e de grandes recursos, donde tinha apenas saido o marechal Pamplona, deixando ali o batalh?o de ca?adores n.^o 10, e se esperava o regimento de infantaria n.^o 22, comandado pelo seu ilustre chefe, o coronel Manuel Pinto da Silveira, que t?o gloriosamente soube conduzil-o ? primeira voz do grande brado nacional. No dia 31 passei revista ao regimento de milicias de Aveiro, marchando logo para a Palha?a, e mandando de Aveiro para a Vila da Feira o batalh?o de ca?adores n.^o 11. Da Palha?a expedi ordens a todos os capit?es mores do partido do Porto, entre Aveiro e Coimbra, a fim de indemnisal-os da perda que havia causado o marechal Pamplona, queimando no correio de Aveiro todos os oficios que lhes tinham sido enviados do Porto pelo Supremo-governo do reino.>> Do acto de juramento a que se refere Sepulveda lavrou-se o respectivo auto no Livro das verea??es e ordens da camara de Aveiro, que teve com??o em 19 de Maio de 1817. Tem este titulo, que ? a unica parte legivel: ? tradi??o que foi aparatoso e muito concorrido o acto do pronunciamento, e viva a anima??o entre o povo que enchia o largo fronteiro ao edificio dos Pa?os do concelho, ou seja o adro da antiga egreja de S. Miguel, demolida em 1835. Duma das janelas soltou o juiz de f?ra vivas entusiasticos, vibrantemente correspondidos, e com a bandeira da cidade desfraldada leu esta proclama??o de Sepulveda: Portuguezes:--Eis-ahi cumpridos os vossos votos; eis ahi franqueada a vereda que erri?avam os gumes atropeladores da vossa liberdade! Foram escutados vossos murmurios, foram segundados vossos desejos, e a mascara que acobertava o despotismo ca?u ? m?o do esfor?o, da prudencia e da constancia! Em v?o a hydra da devassid?o, do vicio e da tyrannia multiplicava as gargantas auri-sedentas e torpes; debalde a corrup??o devastava com seu bafo pestilente os arrancos da honra, que se esfor?ava em salvar ?s bordas do abysmo em que balan?ava; nada p?de embargar o impeto varonil e virtuoso do amor da patria; a patria ? salva! Despotas! Traidores das virtudes! Corruptos adoradores da escravid?o. Volvei os olhos ? raz?o, que v?o assentar-se na s?de inflexivel da justi?a e julgar imparcial vossos delictos. L? surgir? a verdade, t?o pura como a luz, atrav?s da impostura, do velipendio e da intriga. Portuguezes! Tomae a balan?a desenganadora da ras?o e da justi?a, vossas obriga??es, vossos deveres para com a soberania e vassalagem; chamae a legisladores vossos, n?o os codigos que a cubi?a e interesse particular e a malvers?o enred?ra, sen?o os direitos indeleveis que a natureza grav?ra no cora??o humano com caracteres que debalde a for?a, a argucia ou o sophisma tentar? apagar. Vigiae cuidadosos os vossos interesses, vossa seguran?a. Taes devem ser os vossos e taes s?o os meus sinceros votos. Eu d'esta gloria s? fico contente, Que a minha patria amei, e a minha gente. ? noite apareceu a cidade iluminada; foi expontanea esta manifesta??o, pois n?o houve para isso o costumado preg?o para que todos iluminassem as suas casas. Identicas manifesta??es houve e com n?o menos entusiasmo, quando em fins de setembro aqui esteve de passagem para Lisboa a comiss?o delegada da Junta provisional, que vinda de Ovar em barco, desembarcou no Cais da Alfandega indo hospedar-se nos Pa?os do concelho onde lhe foi oferecido um lauto banquete. Desta comiss?o existe no Arquivo municipal, transcrita a fl. 183 v. do Livro de registo das leis, provis?es e mais ordens, etc, n.^o 4, que teve come?o em 14 de Setembro de 1808, este documento: A seguir encontra-se no mesmo livro este outro documento relativo ? manuten??o do soc?go publico: < Ao Expediente dar? recibo da sua entrega e lhe far? pagar o contado ? margem n?o o demorando. Um outro documento da epoca e, esse, de muito mais importancia, se encontra no Arquivo municipal, ? esta Ordem da Intendencia geral de policia: Araujo e Castro comunicou a sua nomea??o de intendente geral de policia ao corregedor desta comarca, em 9 de outubro. Em 10 de Novembro publicou a folha oficial, com data de 31 de outubro, as instru??es que deviam regular a elei??o de deputados das c?rtes extraordinarias e constituintes. Eram indirectas fazendo-se a daqueles na casa da Camara da cabe?a da comarca e as dos eleitores nas de cada um dos concelhos. Tinham voto todos os chefes de familia e adotava-se o censo de 1801, que dava ? comarca de Aveiro 87:560 habitantes, que elegeria por isso 3 deputados. O numero de eleitores ficava assim distribuido pelos diferentes concelhos que ent?o a compunham: Aveiro 6; Agueda de Cima 1; Aguieira 1; Anadia 1; Angeja 1; Arada 1; Avel?s de Caminho 1; Avel?s de Cima 1; Assequins 1; Barr? 1; Bemposta 5; Brunhido 1; Casal d'Alvaro 1; Sever 1; Esgueira 2; Couto de Esteves 1; Fermedo 1; Ferreiros 1; Frossos 1; Ilhavo 3; S. Louren?o de Bairro 1; Oliveira do Bairro 1; Ois de Bairro 1: Paredes 1; Prestimo 1; Recard?es 1; Segad?es 1; Serem 1; Sor?es 1; S?sa 2; Trofa 1; Vagos 2; Mira 2; Vouga 2. A elei??o do primeiro grau devia t?r logar em 26 de Novembro, e no dia 3 de Dezembro a de deputados, sendo o numero destes, quanto ao continente, de noventa e um. Em 22 de novembro promulgavam-se novas instru??es. Em cada comarca haveria uma junta eleitoral composta dos eleitores representantes das paroquias, os quais se deviam reunir na cabe?a da comarca afim de nomearem os eleitores que tinham de concorrer ? capital da provincia para ali elegerem os deputados. A provincia da Beira, de que fazia parte a comarca de Aveiro, elegia 29 deputados dando esta para issso 9 eleitores. O primeiro dia de elei??es foi o de 10 de dezembro e estas fizeram-se com tranquilidade e no geral com diminuta concorrencia de eleitores. Os eleitos, porem, n?o deixaram nada a desejar; elegeu-se o que havia de mais liberal e talentoso no paiz. Pela provincia da Beira sairam eleitos deputados: Os nomes em normando s?o dos dois deputados com que a elei??o de provincia distinguiram a comarca de Aveiro, e foi verdadeiramente distinta a escolha. O bispo de Aveiro D. Manuel Pacheco de Rezende, lidima gloria do episcopado dent?o, era aqui estimadissimo pelos seus actos de evangelica caridade que de continuo praticava e que Castilho mais tarde, a proposito de haver sido perseguido como liberal seu irm?o o dr. Augusto Frederico de Castilho, paroco de Castanheira do Vouga, em 1829 glorificou por esta forma: < Tais eram os representantes da comarca de Aveiro no Congresso constituinte. Este inaugurou as suas sess?es em 24 de janeiro de 1821, na do dia 30 foi Correia Teles eleito vogal da Comiss?o de legisla??o e negada ao Bispo de Aveiro a licen?a que havia pedido para retardar a sua comparencia no Congresso motivada pelo seu estado de saude. Nesse sentido foi expedida esta comunica??o para o Bispo de Aveiro: Os padecimentos do bondoso prelado agravaram-se de forma que teve de pedir ent?o para ser dispensado de exercer as fun??es de deputado, o que lhe foi concedido por esta ordem: < Votadas pelo Congresso, 9 de Mar?o de 1821, as bases da constitui??o, foi a noticia agradavelmente recebida em Aveiro. O seu juramento realisou-se aqui em 29 de mar?o, havendo por essa ocasi?o, alem dum solene Te-Deum, diferentes demonstra??es de publico regosijo, como ilumina??es, fogos de artificio, etc. Do juramento foi lavrado o competente auto, que foi reduzido a cinzas na sess?o da Camara de 13 de Setembro de 1823, em cumprimento de um oficio da secretaria de Estado dos Negocios do Reino, de 21 de agosto desse ano. Dele n?o resta copia, mas da acta dessa sess?o ha esta declara??o que cumpre registar: < O juramento prestado pela for?a militar, esse, teve logar dias depois, em 10 de abril, formando para isso em grande parada o batalh?o de Ca?adores 10 no < Foi o celebrante da missa o respeitavel doutor Manuel Rodrigues d'Araujo Taborda, Vigario Geral. Foi incensado o retrato e em frente dele e no fim da missa prestou juramento ?s bases da constitui??o a oficialidade sobre um missal ali colocado>>. O primeiro aniversario da Revolu??o de 24 de Agosto, n?o obstante a m? vontade de muitos que j? pensavam na restaura??o do absolutismo, foi tambem festivamente celebrado, como o resolveu a Camara na sua sess?o de 22 de Agosto de 1821, deliberando: < O ciclo das festas e com elas o periodo aureo da Revolu??o fechou com o juramento da Coustitui??o no dia 3 de Novembro de 1822. No dia 4 de Novembro de 1821 encerraram as c?rtes as suas sess?es; e, nelas n?o foram inteiramente postos de parte os interesses de Aveiro, tais como as obras da Barra, mas cujos resultados se n?o fizeram sentir em virtude da mudan?a operada no regimen politico do paiz em 1823. Notas finais Discurso proferido por Antonio Barreto Ferraz de Vasconcelos em homenagem a Manuel Fernandes Tomaz.
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