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Read Ebook: Memoria sobre a cultura e productos da cana de assucar by Gomes Jos Caetano Velloso Jos Mariano Da Concei O Contributor

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Ebook has 140 lines and 22175 words, and 3 pages

Dois parois de cobre bem estanhados, que n?o tenh?o mais de dois palmos de altura, com sufficiente largura, e comprimento, para conter cada hum tanto liquido, quanto caiba na caldeira, sem sobejar. Devem ser cubertos de taboas, para impedir o mui livre contacto do ?r; com hum furo na tampa, para dar entrada a hum grosso, e comprido funil, que recebe da calha o sumo da Canna, e o deposita no fundo do parol.

Devem ter na parte mais commoda do fundo hum grosso furo, onde he soldado, hum curto tubo, que hum comprido torno tapa, para, quando for tempo, dar sahida ao liquido, que huma calha conduz ? caldeira. Devem ter sua fornalha, que p?de ser commua a ambos, e serem assentados nella com huma pequena inclina??o, para facilitar a sahida do liquido.

Duas caldeiras, cada huma com sua fornalha; assentadas o mais alto possivel, bordadas de ladrilho, com sua cochinha para receber s?mente espumas. Dois funis grandes de folha de flandres, com altura, que poss?o chegar ao fundo das caldeiras. Hum bangu? de tres tachas, cuja propor??o, e f?rma adiante descreverei. Quatro esfriadores. O esfriador, he huma especie de caix?o, com dois palmos de altura, oito de comprido, e tres de largo, feito de cossueiras de boa madeira, bem aplainadas.

Cem f?rmas. A f?rma tem a figura de prisma triangular, deve ser feita de cossueiras de boa madeira, bem aplainadas, de quatro palmos de comprido, dois, ou mais de largura, fazendo huma abertura de dois palmos, fechando em baxo, e deixando aberta huma fenda de duas linhas; aplainadas no fundo, para fazerem hum assento de tres a quatro pollegadas; as cabe?as h?o de ser malhetadas, e feitas com toda a solidez.

Alguns pannos, para servir de coadores. Espumadeiras, Rominhois, Repartideiras, Manteiga de cac?o, ou qualquer oleo doce, para impedir a subleva??o do liquido. Vasilhas de barro para decoada, porque as de madeira communic?o-lhe c?r. Quatro raspas de ferro, que tenh?o a f?rma de ench?s de martello.

Peneira-se meio alqueire de cal, para separar todas as partes n?o calcinadas; deita-se em huma f?rma, ou qualquer vasilha de bom barro, eleva-se a hum forno de telha, ou tijolo, ou a qualquer parte, onde receba grande fogo; o calor, que aqui recebe, faz evaporar a agua da sua extinc??o, e a reduz a cal viva, ou virgem.

Deita-se esta cal virgem n'huma caldeira, que contenha doze vezes o seu volume de agua; depois de se demorar hum quarto de hora, tira-se esta agua com hum rominhol, e se c?a para outra caldeira. Tom?o-se duas partes de cinza, que he hum alqueire e deita-se tambem n'huma caldeira, que contenha doze vezes o seu volume de agua, mexe-se bem com huma espatula, deixa-se assentar, tira-se esta agua impregnada do sal da cinza, e c?a-se para a mesma caldeira, onde est? a agua de cal. Faz-se fogo a esta agua; a evapora??o concentra os alcalis da cinza, e cal, faz-se de vez em quando a prova, tirando n'hum rominhol huma pouca desta decoada, deitando-lhe hum ovo fresco em cima; quando este ovo n?o vai ao fundo, que sobrenada huma parte delle, e descobre meia pollegada, pouco mais, ou menos, est? feita a decoada no seu ponto. A cinza que ficou, tambem n?o he perdida; deitada, e espalhada debaxo de hum alpendre, ou telheiro, o ?r, em poucos mezes, communica-lhe novos saes, e queimada de novo, produz mais alcali.

O Bangue deve conter tres tachas, a primeira, a que cham?o de receber, tem quatro palmos de diametro na boca, a segunda tres e meio, e a terceira tres. A primeira tacha, tem a boca quatro palmos acima da superficie da casa, chamada de caldeiras; a segunda tacha, seis palmos, e meio, e a terceira oito palmos, e meio; o que faz precisar haver degr?os da primeira para a segunda, e desta para a terceira; e huma rampa da ultima, para a conduc??o da calda. A disposi??o das tachas desta f?rma, he para a columna do fogo arrastar pelo seu fundo, por huma linha de trinta gr?os. A boca da fornalha tem palmo, e meio, ou hum p? quadrado, deve ser feita de ferro vergalh?o bem grosso, e ter huma porta de ferro, que s? deve abrir-se, quando se servir com lenha. Da porta desta fornalha, pela abobada, que cobre o cinzeiro, se descreve huma linha de quinze gr?os, at? dez palmos do interior della, onde f?rma hum resalto de dois palmos, e dahi se descreve outra linha de trinta e cinco gr?os, que tambem tem dez palmos de comprido, e acaba na parede, que f?rma a chamin?. Esta chamin? he hum quadrado de oito pollegadas por cada face, que corresponde ao centro da fornalha.

Na abobada, que cobre o cinzeiro, h? hum buraco de seis pollegadas em quadro, que corresponde ao centro do fundo da primeira tacha, e deve ser formado por huma barra de ferro vergalh?o grosso, quadrilaterado.

Num. 1, 2, e 3, as tres tachas; 4, a boca da fornalha; 5, o v?o da fornalha; 6, o resalto de dois palmos; 7, a boca da chamin?; 8, a boca do cinzeiro; 9, o v?o do cinzeiro; 10, a communica??o do cinzeiro, com a fornalha.

A linha de 4 a 7, he de 30 gr?os: A linha de 6 a 7, he de 35 gr?os: A linha de 4 a 6, he de 15 gr?os: O cheio, s?o paredes de tijolo: O ponteado he o aterro.

Esta fornalha he a de Macquer, adoptada no modo possivel ? f?brica do Assucar. Servida com lenha, o fogo acc?so, a boca tapada, o ?r rarificado dentro pelo calor, com t?o prompta sahida pela chamin?, absorve, pelo canal do cinzeiro, huma columna de ?r, com maior, ou menor rapidez, segundo a sahida que tem.

Este ?r, alimentando o fogo, o faz subir tambem em columna ao centro do fundo da primeira tacha, e daqui corre, arrastando o fundo da segunda, e terceira, para sahir pela chamin?. Esta sahida, que he de sessenta e quatro pollegadas quadradas, respeito ? da entrada, pelo cinzeiro, que he de trinta e seis, augmenta extraordinariamente o movimento, e por consequencia, a intensidade do calor. Este calor, com dois tijolos na boca da chamin?, modera-se, segundo a precis?o. Estando todo o vacuo da chamin? aberto, e a fornalha com lenha sufficiente, he o maior calor possivel; e com a mesma quantidade de lenha, tapando-se mais, ou menos, a boca da chamin?, diminue proporcionalmente. A f?rma de alimentar o fogo desta fornalha, he lan?ar-lhe dentro hum p?o, que tenha at? seis pollegadas de diametro, pouco mais, ou menos, com oito palmos de comprido, cuja ponta se faz chegar at? ao resalto, e alguns feixes de baga?o; este p?o se puxa com hum gancho de ferro, a chegar a ponta a cobrir a communica??o do cinzeiro, com a fornalha, ? propor??o, que o fogo a devora; e assim se continua, A Estampa mostra tambem o fogo.

O tanque de preparar o lodo, com que se ha de clarificar o Assucar, he o actualmente praticado; por?m em lugar de barro cinzento escuro, deve, usar-se de barro branco, de que h? abundancia em todas as partes, com o cuidado de o depurar da ar?a, e pirites. Piza-se, que fique em p?, huma por??o de barro branco bem s?cco, deita-se este p? n'hum cocho cheio de agua, agita-se com hum rodo, e d?-se tempo a que as pirites, e ar?as como mais pesadas, se precipitem ao fundo. Esta agua impregnada das particulas barrentas, tira-se com hum rominhol para o tanque de preparar o lodo. Continua-se o mesmo servi?o, torna-se a passar a agua impregnada do barro; e quando h? sufficiente quantidade, deixa-se assentar, e tira-se a agua superabundante; e deste barro assim purificado, he que se f?rma o lodo, para clarificar o Assucar. Se a agua, depois de precipitado o barro, conserva alguma c?r, deve-se tirar, e lan?ar outra, e agitar com o barro precipitado, at? que fique cristallina, para que n?o v? incorporar, com o Assucar, a c?r, que o barro p?de communicar-lhe. Isto he trabalho, que se faz por huma vez, porque este barro p?de durar sempre.

Assim que o caldo da Canna espremida nas moendas cahe da bica no funil, que o conduz ao fundo do parol, accende-se logo fogo na sua fornalha, cujo fogo se entretem gradualmente, de sorte, que o liquido nunca chegue a levantar fervura; por?m que a m?o n?o possa supportar o seu calor, o qual se conserva, em quanto os parois contiverem liquido. Quando, depois de cheio o primeiro, passa a bica para encher o segundo, trata-se este segundo da mesma sorte que o primeiro. Cheio o segundo parol, passa o liquido para a primeira caldeira, por huma calha, que se ajusta ao seu fundo, na parte, onde est? o tubo de descarga; e antes do torno se tirar, p?em-se hum coador sobre a calha, para n?o passar ? caldeira mais que o liquido; devendo haver o maior cuidado, quando se aproximar ao fundo o gusmo, a que se chama cachassa, que o calor fez subir ? superficie, de tapar logo, para que ? caldeira n?o v? parte alguma delle. Deita-se ent?o agua neste parol, e lava-se, cuja agua se mistura com o gusmo, e o ajuda a correr por huma calha, ao seu receptaculo, na casa da aguardente. Depois de cheio segunda vez o primeiro parol, passa o liquido do segundo para a segunda caldeira, com as mesmas precau??es do primeiro, e assim continua o trabalho, n?o se despejando nunca hum, sem que o outro esteja cheio. Ficando a caldeira quasi hum palmo por encher, lan?a-se fogo na fornalha, para fazer ferver o liquido, havendo sempre a lembran?a, que, chegando a levantar fervura, he escusado deitar mais lenha, porque he perdida; por?m esta fervura deve-se entreter. Principia agora o uso da decoada. Introduz-se na caldeira hum dos dois grandes funis, e por elle he que se lan?a a decoada, para os alcalis fazerem subir do fundo ? superficie, o oleo, e acido superabundantes, em f?rma de espuma, que se separa, assim que aparece. Quando se n?o vem mais espumas escuras, julga-se limpa a caldeira, e principia a simples evapora??o; por?m o liquido desta caldeira n?o passa ?s tachas, sem que a outra caldeira esteja tambem com o seu liquido depurado. Estando o liquido de ambas as caldeiras prompto, passa ?s tachas o da primeira, para renovar o trabalho com o segundo liquido do primeiro parol, e assim vai continuando; de sorte, que as caldeiras tem tres usos: s?o vasos depuratorios, vasos evaporatorios, e parois de caldo quente. O liquido da caldeira, sobe no balde de valvula, que por huma calha o conduz ? primeira, e segunda tacha; este balde serve tambem de augmentar a evapora??o, levantando o liquido, e deixando-o cahir em columna, se h? necessidade de accelerar este servi?o nas caldeiras. As tres tachas do Bangu?, devem ser consideradas, como vasos evaporatorios. A primeira, chamada de receber, e a segunda de coser, recebem o liquido da caldeira; depois de engrossar nellas hum pouco, passa para a tacha, chamada de bater; nesta ultima he, que o liquor alcan?a a sua perfei??o; para o concentrar, deve ser levantado no balde muitas vezes, e deixallo cahir em columna.

Quando desta f?rma tem alcan?ado o ponto, passa para o esfriador. Estas tres tachas podem ser todas, de receber, de coser, e de bater, tendo cada huma seu balde, e passar a calda de cada huma dellas para o esfriador; por?m, como a primeira tacha recebe mais fogo, que a segunda, e esta, que a terceira, e o fogo, se he violento, queima o Assucar, que reduz a mel, he melhor fazer a concentra??o na terceira tacha, sempre com o cuidado, de que a fornalha n?o tenha mais fogo, que o preciso para levantar fervura.

Distingue-se o ponto da calda de Assucar em tres estados, que s?o ponto fraco, ponte forte, e ponto muito forte. Conhece-se o ponto fraco, quando, tomando huma pouca de calda com o dedo indes, e unindo esta calda ao pollegar, e apartando estes dedos, a calda n?o faz fios.

O ponto muito forte he, quando, tomando a calda da mesma sorte, e ella se estende em fios por todo o apartamento dos dedos, sem quebrar.

O ponto forte, ou bom ponto he, quando se f?rm?o estes fios, e, antes de chegarem a todo o apartamento dos dedos, quebr?o a duas, tres, ou quatro pollegadas. A grossura dos olhos, que f?rma a calda, fervendo na tacha, mais, ou menos grossos, indica a sufficiente concentra??o. Isto he huma cousa conhecida, e facil, por?m que o uso ensina mais, que todos os discursos. Estando a calda no ponto forte, passa em repartideiras para o esfriador.

O ?r, que bate na superficie desta calda, e refresca continuadamente as paredes do esfriador, faz coalhar o Assucar n'huma especie de costra, a qual se engrossa cada vez mais, at? incorporar tudo o que he Assucar, deixando apartada a parte melosa; por?m este Assucar, coalhado t?o promptamente, alcan?a tanta dureza, e a sua gran he t?o unida ? outra, que faz impossivel a passagem da agua para a sua clarifica??o. A espatula, de que se usa, para o remexer nas f?rmas conicas, n?o sendo sufficiente, he indispensavel o uso do ensinho j? descripto; hum obreiro com este util instrumento, em huma das caba?as do esfriador, puxando-o a si, e impulsando-o para a outra cabe?a; encostando-o no puxar, a huma das paredes, no impulsar ? outra, impede a aggrega??o mui prompta da gran do Assucar, para a agua, que o barro largar, fazer o seu effeito. Este esfriador, segundo a sua grandeza, n?o p?de encher-se com o primeiro cosimento, e carece, que se lhe ajuntem outros; por?m o uso do ensinho principia desde o primeiro, at? se encher, e sahir o Assucar para as f?rmas. N?o h? necessidade, de que o obreiro esteja sempre com o ensinho na m?o; deve trabalhar de vez em quando, por?m sem descuido. He essencial, que o Assucar n?o v? para as f?rmas frio, e sim n'hum gr?o de quentura, que permitta o meter-lhe o dedo.

As f?rmas molhadas, assentadas n'huma taboa desempenada, podem receber o Assucar, sem que pela fenda de duas linhas, que tem no seu fundo, elle possa cahir. O Assucar deve ser deitado nellas com espumadeiras grandes; esta opera??o deve ser prompta, e ao mesmo tempo vagarosa; prompta, em que he preciso varias espumadeiras, sem descuido no trabalho; e vagarosa, porque tirando as espumadeiras o Assucar, carece demorado algum tempo sobre o esfriador, para deixar cahir dentro muita parte do mel, de sorte que para as f?rmas v? o menos possivel.

A f?rma deve ficar meia pollegada, por encher, e depois de esfriar nella o Assucar, tirada da sua taboa, e esgotado o mel, que ajuntou no seu fundo, passa para a casa de purgar, em paviola. Esta casa basta que tenha quarenta e dois palmos de largura, e sessenta de comprido; o seu sobrado na altura de doze palmos; as vigas de hum palmo de grossura, afastadas humas das outras, quatro palmos, e meio; as taboas do soalho, da largura de dois palmos, ou mais, com o v?o entre taboa, e taboa, de duas pollegadas.

A coxia desta casa p?de ser ladrilhada, para mais aceio. Se parecer fraco o vigamento, pontaletes o fazem firme. Esta coxia deve estar bem munida de calhas, para cahir o mel das f?rmas.

As calhas s?o mui simples, e podem ser feitas de taboas de seis pollegadas de largura, e duas de grossura, cavado o centro na profundeza de huma pollegada a diminuir para os lados; s?o firmadas na viga, defronte da abertura de duas pollegadas do apartamento das taboas do soalho, com declivio a acabar na altura de hum barril, que recebe o mel que nellas cahe, e o leva a huma pipa, que o guarda.

Cada barril, que deve ter seu funil de folha com rallo, recebe o de duas calhas, e estas, o de muitas f?rmas.

As calhas assim dispostas, fazem a vista de zigzag vertical. Chegando a f?rma ? casa de purgar, he assentada entre viga, e viga, que fique a fenda de duas linhas do seu fundo, no meio do apartamento de duas pollegadas, que tem as taboas do soalho.

Raspa-se a superficie desta f?rma, para igualar o Assucar; enche-se do lodo branco, que est? preparado; e quando este lodo s?cca, tira-se, para diluido tornar a servir. Com huma raspa se tira desta f?rma o Assucar embranquecido, e quando vai ficando trigueiro, sobre este mais escuro se lan?a novo lodo; raspa-se outra vez, e torna-se a lan?ar mais lodo, e assim at? ficar o Assucar desta f?rma todo branco.

O fim desta opera??o he impedir, que ao Assucar j? branco n?o passe mais agua; porque, n?o tendo partes melosas, que precipitar, dissolve o Assucar, que confunde com o mel, e o faz esvaido, ou sem for?a, e ainda que fique muito alvo, n?o indemniza a perda.

O Assucar raspado passa ? estufa, e he lan?ado nos taboleiros della, para seccar. O calor desta estufa deve ser mais forte que, o que communica o Sol, que n?o excede a quarenta e cinco gr?os do thermometro de Reaumur; e na estufa se p?de levar at? sessenta gr?os, por?m n?o mais, porque ent?o o far? trigueiro. Se n?o houver thermometro, deve regular, o poder-se entrar dentro, e demorar algum tempo; por?m se n?o se puder entrar, ou parar, he preciso moderar o calor, porque he forte. Quando o Assucar est? s?cco, o que succede em oito a doze horas, segundo o calor que recebeo, cessa o fogo; abre-se a janella, tira-se para a casa de encaixe, s?ca-se, etc.

Todos os Mestres de aguardente sabem, que hum liquido doce fermenta, que esta fermenta??o o faz vinhoso, e que este vinho destilado, produz aguardente, em maior, ou menor quantidade, segundo o gr?o de do?ura, que em si cont?m este liquido. Segundo este principio, a cachassa, ou fezes do caldo da Canna; as espumas da caldeira, e tachas, que s?o materias por si bastantemente doces, s?o recebidas em parois; e como lev?o comsigo muito caldo de Canna puro, tem bastante fluidez, para que, cheio o parol, entre logo em fermenta??o.

Estes parois, ou especies de tanques s?o cavados n'hum grosso madeiro, e fic?o quasi hum, palmo por encher.

Geralmente s?o descubertos; e alguma excep??o que h?, com esteiras he, que lhe tir?o a maior communica??o com o ?r. Assim que a fermenta??o se estabelece, o movimento, que em si faz o liquido, com hum certo zunido, faz subir ? superficie, huma c?dea de materias impuras, que vai engrossando cada vez mais; por?m abre-se de vez em quando, para dar passagem ao g?s, ou ?r fixo, que se desprende, e foge do mesmo liquido em fermenta??o. Quando o zunido cessa, e que a costra se desfaz, e mistura com o vinho, que neste estado toma o nome de guar?pa, he o ponto, para passar ao alambique.

Alguns esper?o ainda, que huma luz se n?o apague no v?o, que occupa o g?s, da superficie do liquido ? borda do parol. N?o havendo mais cachassa, mistur?o huma ter?a parte de mel com duas de agua, para se seguir o mesmo effeito; ou mistur?o mel, cachassa, e agua, porque estas cousas em si s?o indifferentes, e seguem-se os mesmos effeitos. Se succede algumas vezes estar a guar?pa em ponto, e o alambique occupado, deit?o agua na guar?pa, para n?o passar, segundo dizem, e quando h? occasi?o, vai para o alambique.

A serpentina, que he huma espiral de quatro, cinco voltas, est? firme n'huma grande tina cheia de agua, sempre quente, devendo ser bem fria.

Todo este trabalho he feito sem principios; se alguns se gab?o de fazer muita aguardente, n?o he, porque saib?o aproveitar, sim porque he feita ? custa do Assucar.

He efficazmente demonstrado, que s? a parte doce, ou assucarada de qualquer liquido, he que pela fermenta??o se p?de mudar em vinho, de que se tira o espirito ardente. Esta mudan?a, que a fermenta??o faz, he em mais, ou menos tempo, segundo a densidade do liquido, quero dizer mais, ou menos assucarado.

Se he pouco doce, fermenta mais depr?ssa, e assim relativamente; de sorte que se chega a ter a consistencia de mel, n?o h? fermenta??o, ou ao menos n?o he sensivel. H? tres especies de fermenta??o; fermenta??o espirituosa, fermenta??o acida, e fermenta??o podre, ou alcalina; ou antes, s? h? a fermenta??o podre, que passa pelos dois primeiros estados, de espirituosa, e acida. Quando hum liquido mucoso doce, pela fermenta??o se faz vinhoso, toda a parte assucarada he decomposta, e mudada em espirito.

Se n?o se aproveita no alambique, e passa ? fermenta??o acida, he decomposto este vinho, e mudado em vinagre; se ent?o vai ao alambique, sahe hum acido.

Se se deixa continuar a fermenta??o, e passa ? alcalina, alcan?a o liquido hum cheiro detestavel, e pelo alambique sahe s?mente alcali volatil, ou o producto das materias podres. Estas mudan?as, ou decomposi??es, acceler?o-se, ou retard?o-se, segundo o maior, ou menor calor do ?r, que he o principal agente da fermenta??o.

No gr?o de frio, que g?la a agua, n?o h? fermenta??o, ou ao menos n?o he sensivel; e o mesmo succede n'hum gr?o de calor de sessenta gr?os para cima, do thermometro de Reaumur, quero dizer, que a m?o n?o p?de supportar. Quando o calor da atmosphera, ou do lugar, onde se faz a fermenta??o, chega a dez gr?os do mesmo thermometro, ella se estabelece, e se augmenta cada vez mais at? aos trinta e cinco, que he o maximum; de trinta e cinco para cima, entra a enfraquecer proporcionalmente, at? aos sessenta em que p?ra. Estes sessenta gr?os para a fermenta??o s?o iguaes ao zero, ou g?lo de Reaumur. Nunca o gr?o do frio no Rio de Janeiro p?de impedir a fermenta??o, por ser o calor da atmosphera, de vinte a trinta gr?os; e s?o raros os dias no Inverno, onde chega a quatorze, e nunca menos. Quando hum liquido entra em fermenta??o espirituosa, n?o a soffre ao mesmo tempo em toda a sua massa; j? algumas partes tem fermentado, e v?o passando a acidas, quando outras ainda n?o principi?r?o; o que faz precisar hum fermento, que excite o movimento em todas as suas partes, ao mesmo tempo.

Este fermento, a natureza o d? na espuma, e costra, que se f?rma sobre hum primeiro liquido, que fermentou, que mesmo se p?de desseccar para o uso.

Ajudando o calor da atmosphera t?o poderosamente a fermenta??o, deve o Mestre Aguardenteiro impedir, quanto lhe for possivel, que com o g?s, que se desprende do liquido, se n?o dissipem partes espirituosas; para o que ha de conservar os vasos, onde ella se faz, com pouca communica??o com o ?r; e em lugar de cochos, e abertos, sirva-se de pipas, e ainda melhor de dornas, com o fundo largo, a boca estreita, com sua tampa, e nella hum pequeno furo, e de grandeza proporcionada aos alambiques. Deve ter tambem o maior cuidado, em determinar o seu trabalho de sorte, que n?o tenha mais guar?pa que destilar, que os alambiques n?o poss?o vencer; e que he melhor, que estes esperem, que aquella, por n?o haver meio de impedir a sua deprava??o.

O ponto principal, donde depende toda a felicidade, ou o maior producto possivel da fermenta??o espirituosa, he, o saber conhecer precisamente o instante, em que a guar?pa deve passar ao alambique. O signal infallivel, que designa este instante, foi descuberto por M. Gentil, Prior de Fontenet, e membro de muitas Academias, <>

At? aqui M. Gentil. Quando a guar?pa indica este ponto, a costra, que a fermenta??o produzio, est? sobre ella; no tempo que gasta a desfazer-se, misturar-se com o vinho, dissipar-se o g?s, que a sobrenadava para n?o apagar a luz, tem-se evaporado muito espirito, e outro tem passado a acido, pela fermenta??o acetosa, que immediatamente segue a espirituosa, porque a natureza n?o p?ra hum instante; e daqui se p?de inferir, o quanto se perde, pela f?rma de tomar o ponto, no estado actual.

Depois da boa fermenta??o com o seu ponto tomado a tempo, nada concorre tanto para huma boa distila??o, como a abundancia de agua, na casa d'aguardente.

Se no refrigerante n?o corre sempre agua fria, para a condensa??o do vapor, e na tina da serpentina, para fazer cahir frio o liquor no recipiente, h? huma diminui??o incalculavel, na quantidade, e qualidade d'aguardente.

A falta de principios, nos fabricantes deste genero, n?o lhe deixa conhecer esta perda, porque lhe n?o he sensivel ? simples vista. Olha-se com tanta indifferen?a para este objecto, que eu j? vi n'huma f?brica, cujo dono n?o passa por ignorante, querer hum individuo tomar banho com a agua da tina da serpentina, suppondo-a fria, ou ao menos tepida; e, tirando a torneira, para lhe cahir no corpo, estava t?o quente, que quasi levantou vessiculas. Considere-se, quanto espirito se dissiparia, sendo refrescado com agua neste estado.

Se o engenho he de agua, tem a tina da serpentina sua bica, por?m t?o pequena, que eu nunca vi, que a aguardente deixasse de correr com quentura. ? excep??o de alguns engenhos, que tem ao p? huma pequena fonte, o commum he, o ser a agua carregada ?s costas, e ?s vezes de bem longe. Era natural a lembran?a de mandar abrir hum p??o, e com huma bomba tirar a agua que se precisasse, principalmente neste paiz, onde em menos de vinte palmos se acha a quantidade que se quer, por?m s? tenho visto hum; quando a despesa, que com elle se fizesse, bem paga ficava na primeira safra.

O que se vai dizer sobre o gr?o de calor para a distila??o, he theoria de Macquer, sobre a dos espiritos ardentes.

He huma verdade chymica, que a quantidade de fogo para a distila??o, deve ser em raz?o da coherencia, ou ap?go das partes, que se querem fazer evaporar, aquellas, que s?o compostas de principios mais fixos.

O que se passa na distila??o em geral, he mui simples, e mui facil de conceber. As substancias volateis, se fazem especificamente mais ligeiras, quando soffrem hum gr?o de calor conveniente, reduzem-se em vapores, e se dissipari?o debaxo desta f?rma, se n?o fossem retidas, e determinadas a passar a lugares mais frios, onde se condens?o, e tom?o a f?rma de liquores, se s?o dessa natureza. Como a distila??o se faz sempre em vasos fechados, falta o concurso do ?r exterior ?s materias, que se levant?o nesta opera??o, o qual he com tudo muito proprio para augmentar, e accelerar a subida dos corpos volateis. Mas p?de-se dizer, que esta lentura, occasionada pelo defeito do ?r, he antes util, que desavantajosa; porque em geral, quanto mais huma substancia volatil, que se separa da outra substancia mais fixa, se separa com lentura, tanto mais esta separa??o he exacta.

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