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Read Ebook: Novo dicionário da língua portuguesa by Figueiredo C Ndido De

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Ebook has 198 lines and 1556165 words, and 4 pages

O <> de ontem publicou o seguinte:

A Academia Brasileira de Letras representada por s. ex.^a o Embaixador do Brasil, sr. dr. Jos? Bonifacio de Andrada e Silva, e a Academia das Ciencias de Lisboa, representada pelo seu presidente, sr. dr. Julio Dantas, animadas do proposito de contribuir para a unidade e, consequentemente, para a maior expans?o e prestigio da gloriosa lingua portuguesa, resolvem:

Este instrumento ?, na mesma data, assinado do Rio de Janeiro, representando a Academia das Ciencias do Lisboa s. ex.^a o Embaixador de Portugal, sr. dr. Duarte Leite Pereira da Silva, e a Academia Brasileira de Letras o seu presidente, sr. dr. Fernando de Magalh?es.

? 1.^o Eliminar:

Exceptuam-se:

Excep??o:

? 2.^o Substituir:

? 3.^o Grafar:

? 4.^o Conservar:

? 5.^o Divis?o sil?bica:

? 6.^o Nomes proprios:

? 7.^o Acentua??o:

Reduzir os sinais gr?ficos que caracterizam a prosodia, de modo a corresponderem esses sinais ? prosodia dos dois povos, tornando mais facil o ensino da mesma escrita.

NOVO DICCION?RIO DA L?NGUA PORTUGUESA

TYP. DA EMPR. LITTER. E TYPOGRAPHICA 178, R. ELIAS GARCIA, 184-PORTO-1913

CANDIDO DE FIGUEIREDO

Da Academia das Sci?ncias de Lisboa, da Aacademia Brasileira, da Academia Espanhola, da Sociedade Asiatica de Paris, da Academia de Jurisprud?ncia de Madrid, do Instituto de Coimbra, etc., etc.

NOVO DICCION?RIO DA L?NGUA PORTUGUESA

Redigido em harmonia com os modernos princ?pios da sci?ncia da linguagem, e em que se cont?m qu?si o d?bro dos voc?bulos at? agora registados em todos os diccion?rios portugueses, al?m de satisfazer a todas as graphias leg?timas, especialmente a que tem sido mais usual e aquella que foi prescrita officialmente em 1911

NOVA EDI??O

Essencialmente refundida, corrigida e copiosamente ampliada

CONVERSA??O PRELIMINAR

A hist?ria dos diccion?rios da l?ngua portuguesa, de par com alguns deplor?veis documentos de insci?ncia, de leviandade e de mera explora??o mercantil, offerece ? nossa admira??o perdur?veis monumentos de muito saber, de laboriosas e inestim?veis investiga??es, de honest?ssimo e prof?cuo trabalho.

N?o menciono mais, porque s? adduzo exemplos.

Infelizmente, todos que sabem l?r ter?o certamente observado que, sendo cada diccion?rio geralmente vazado nos moldes dos diccion?rios que o precederam, succedeu que a l?ngua andou e os diccion?rios pararam.

E pararam, sem que ao menos tivessem conglobado em vocabul?rio a maior parte dos thesoiros, disseminados nos nobili?rios, nos cancioneiros, nas chr?nicas quinhentistas, em Gil Vicente, em Bernardim Ribeiro, em Vieira, em Filinto...

Pararam, e a esphera da linguagem foi-se ampliando successivamente, n?o s? por effeito de numerosas deriva??es internas, sen?o tamb?m, e principalmente, pela forma??o e diffus?o da moderna technologia scient?fica, art?stica e industrial, pela permuta??o internacional de muitas f?rmulas, pela febre do neologismo, e pela necessidade de dar nome a coisas e factos que nossos av?s desconheceram.

Ora, desde que eu senti em mim o mofino sestro de cultor das letras, preoccupou-me e dissaboreou-me sempre a falta de um vocabul?rio, que me dirigisse no estudo dos mestres da l?ngua, desde Fern?o Lopes at? Camillo; na applica??o de milhares de lusitanismos, conservados amoravelmente pelo povo de todas as nossas prov?ncias, mas desconhecidos dos diccionaristas; na avalia??o da nossa riqu?ssima technologia rural, da technologia art?stica e scient?fica; no conhecimento da fauna e da flora do nosso ultramar e at? do nosso pr?prio continente.

Da antiga e moderna technologia das artes e sci?ncias rara not?cia me davam os lexic?graphos nacionaes.

Da linguagem popular, privativa desta ou daquella prov?ncia, trat?ra um ou outro literato, um ou outro folclorista; os diccionaristas, ?sses n?o desceram da esphera da linguagem erudita, restringida, ainda assim, ? quinta parte da linguagem dos eruditos.

Isto, quanto ? pobreza de vocabul?rio. Quanto a erros de doutrina, ali?s communs aos melhores diccion?rios, n?o me podiam ?lles surprehender, visto como um diccion?rio, n?o obstante a maior autoridade e compet?ncia do seu autor, ? o trabalho liter?rio mais suscept?vel de imperfei??es, e ocioso ser? o justificar esta these.

E, a ?ste prop?sito, n?o ser? ocioso memorar que muitos diccionaristas conheceram e usaram, no decurso das suas obras, express?es que n?o registaram no competente lugar do vocabul?rio, ou porque, redigindo um artigo, n?o souberam recordar-se dos termos que usaram noutro, ou porque, distribuida a obra por collaboradores diversos, o autor dos artigos relativos ? letra A, por exemplo, n?o conhecia os termos de que se serviria o autor dos artigos da letra Z.

Em taes casos, ? a falta de m?thodo, e sobretudo o facto ou a necessidade de muitos collaboradores da mesma obra, o que determina sens?veis lacunas, sem desabono da compet?ncia e saber de quem dirige a obra.

E todavia taes casos, embora dignos de nota, n?o accusam, como ? de v?r, as principaes defici?ncias dos nossos mais estimados diccion?rios: as defici?ncias capitaes referem-se ? linguagem popular, ? linguagem culta, antiga e moderna, ? technologia scient?fica, etc., e foi especialmente neste campo que eu, durante vinte e dois annos, despendi larga parte dos meus cuidados e trabalho.

Nado e criado entre as serranias da Beira, nunca achei exaggerado o parecer de Camillo, quando o celebrado escritor chamava ao povo o melhor dos nossos cl?ssicos; e, tendo ao depois residido annos nas provincias do Doiro, do Alentejo e da Extremadura, mais se me arraigou a convic??o de que o povo ? realmente um grande mestre da l?ngua, embora ?lle o seja inconscientemente, e embora mui raramente o hajam consultado diccionaristas, a rev?zes preoccupados de pros?pias acad?micas.

Desadorada pelos lexic?graphos, a linguagem popular mereceu-me longos e especiaes cuidados, que reverteram na colheita de mais de seis mil voc?bulos e locu??es que n?o andavam nos diccion?rios, mas que o povo tem guardado religiosamente por essas prov?ncias em f?ra.

? muitas vezes incerta a origem ou forma??o dessas express?es; mas, muitas outras vezes, ali se nos deparam preciosos lusitanismos, apropriadas dic??es, e at? numerosos termos, que os eruditos t?m tido a ingenuidade de capitular de archa?smos!

Nem tudo por?m se perder?; e, sobretudo se houver devo??o para colher e archivar os numerosos provincianismos, de que, apesar dos meus esfor?os, n?o consegui tomar conhecimento e que porventura ainda v?o resistindo ? foice que os amea?a, a Philologia ter? nelles valiosos subs?dios para a hist?ria cr?tica da l?ngua, e a l?ngua poder? continuar a ufanar-se da sua excepcional flexibilidade e belleza, e do seu numeroso vocabul?rio, irrivaliz?vel talvez, se o defrontarmos com o das outras l?nguas rom?nicas.

V? isto ? conta de esclarecimento, como de quem, assentando numa classifica??o que o n?o satisfaz absolutamente, n?o achou processo mais simples nem mais pr?ximo da verdade.

Mas a linguagem portuguesa n?o ? s? a linguagem popular de hoje; ? tamb?m a linguagem popular antiga, e a linguagem culta, antiga e moderna.

S?bre a linguagem popular antiga, foram-me excellentes subs?dios os autos e com?dias de Gil Vicente, Ant?nio Prestes, Jorge Ferreira, Sim?o Machado; e para o estudo da nossa linguagem culta de todos os tempos, n?o foi sem grande assombro que eu achei, ainda inexplorados pelos diccionaristas, n?o s? os cancioneiros e chr?nicas dos primeiros tempos da nossa l?ngua, n?o s? Fern?o Lopes e Gil Vicente, sen?o tamb?m os monumentos liter?rios de Vieira, Francisco Manuel, Filinto, Jos? Agostinho, Castilho, Latino, Herculano, Camillo, e tantos outros. S? em Ant?nio Vieira, depararam-se-me mais de quatrocentos voc?bulos, que eu nunca vira em diccion?rios. Em Gil Vicente e Filinto, mais numerosa foi ainda a colheita.

E nada desperdicei do que fui colhendo: archa?smos e neologismos, deriva??es violentas e at? err?neas, termos de significa??o duvidosa ou obscura, tudo alphabetei e reproduzi, julgando cumprir um dever.

Bem sei que os menos experientes em trabalhos desta natureza h?o de acoimar-me de nimiamente tolerante, com respeito a locu??es injustific?veis. Mas ao diccionarista n?o impende o tolerar ou vedar o uso ou abuso de tal ou tal locu??o: o diccionarista tem, como dever capital, o reproduzir factos e interpret?-los. Se entende que um voc?bulo est? corrompido ou que ? mal formado, se o julga neologismo in?til ou disparatado, consigna o que entende, mas regista o voc?bulo.

Mas onde a cr?tica f?cil mais convictamente me alvejar? ? na inscrip??o, que eu fa?o, de gallicismos intoler?veis. N?o alongarei justifica??es, af?ra o que dito fica s?bre a miss?o do consciencioso diccionarista; mas apraz-me notar que, embora a francesia e o barbarismo em geral n?o sejam defeitos vulgares em livros meus, eu nem sempre condemno o estrangeirismo que n?o prat?co. Por uma considera??o: ? que n?s n?o sabemos se o gallicismo, hoje intoler?vel, ser? ?manhan palavra portuguesa e, como tal, far? parte do thesoiro da l?ngua.

Accrescentando-se que os diccionaristas e phil?logos, como Bluteau, Diez, Cornu, Schuchardt, Michel, e muitos outros, t?m dado ao cal?o ou g?ria a import?ncia que os ing?nuos poder?o negar-lhe, nada mais opporei aos reparos, com que, a prop?sito de g?ria, foram recebidas as primeiras f?lhas desta obra por um ou outro cr?tico inoffensivo e an?nymo.

N?o se limitam os meus estudos e investiga??es ? linguagem escrita e falada no continente portugu?s:--Explorei tamb?m a linguagem popular dos archip?lagos a?oreano e madeirense; e, detendo a atten??o na linguagem vulgar entre os Portugueses das nossas possess?es ultramarinas, realizei larga colheita de express?es locaes, concernentes a usos, costumes, administra??o p?blica, vestu?rio, cerem?nias e cren?as indigenas de Angola, Mo?ambique, Estado da ?ndia, Macau e Timor.

Mas o portugu?s n?o ? s?mente a l?ngua de Portugal e das suas possess?es: fala-o uma grande na??o, que se emancipou da nossa velha soberania, mas que n?o enjeitou o idioma, com que lev?mos a civiliza??o europeia aos sert?es da Am?rica do Sul.

Succede por?m que o portugu?s do Brasil n?o ? precisamente o portugu?s europeu: recebeu numerosos termos da popula??o ind?gena, e o tupi entrou como elemento constituinte no organismo da moderna linguagem brasileira. Ora, desde que um diccion?rio ? destinado a todos os povos que falam portugu?s, n?o p?de prescindir dos termos bras?licos, que s?o insepar?veis da linguagem portuguesa, praticada al?m do Atl?ntico.

Para a inscrip??o da technologia scient?fica, de pouco me valeram os lexic?graphos portugueses que escreveram antes de mim.

A tal respeito, foram sempre vulgares as queixas de professores e estudiosos contra a falta de um vocabul?rio nacional, que comprehendesse com alguma largueza a technologia mais corrente entre os homens de sci?ncia.

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