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Read Ebook: Julio Diniz (Joaquim Guilherme Gomes Coelho) Esboço Biographico by Pimentel Alberto

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Ebook has 97 lines and 10419 words, and 2 pages

Adelaide e Rosa: pelos outros apenas supportavel.

A luz do proscenio,--escrevia elle--digamol-o emfim, ? uma luz mentirosa; a perspectiva do theatro tem condi??es especiaes. Ponham os frescos de Raphael recortados nos bastidores, e eu lhes juro que n?o produzem metade do effeito de quatro borr?es espraiados na lona pelo snr. Procopio.

? muito difficil adaptar bem ? scena o entrecho d'um romance. Para que qualquer obra litteraria se considere absolutamente boa ? preciso que os factos que n'ella se expressam, debaixo de nenhuma outra f?rma se manifestem melhor. Um bom drama feito com o mesmo assumpto que inspirou um romance, seria a condemna??o d'este, e equivaleria a dizer o dramaturgo ao romancista: <>

A raz?o de n?o ser mais perfeito o drama que vimos hontem consiste em ser muito bom o romance que lemos ha poucos mezes. A unica culpa de Ernesto Biester ? Julio Diniz.

E mais abaixo:

A sala estava inteiramente cheia. Pela manh? j? n?o apparecia um bilhete de plateia inferior. De tarde pedia-se libra e meia por um camarote de terceira ordem.

O que ? certo ? que na sua alma havia a tristeza temperada dos poetas que, como Lamartine, nascem para cantar e soffrer. As paix?es revoltas de Byron e Espronceda n?o as conhecia elle. Era portanto o poeta da solid?o, que vivia do seu ideal, longe do bulicio da sociedade, onde outros iam afinando a lyra pela excita??o febril dos sentidos.

? justo que transcrevamos na sua integra os versos de que vimos fallando, n?o s? por este destino mysterioso que elle lhes dava, como por serem os primeiros que sahiram publicados com o seu habitual pseudonymo:

A J...

Acredita que os anjos tambem soffrem N'esta mans?o de dores, E n?o olhes o mundo lacrimoso, Quando o vires despido de fulgores.

Mal sabe a rosa, ao vecejar lasciva Em plena primavera, Que ? passageira a quadra, que apoz ella, Se despovoa o prado e a morte a espera.

O terreno, que pizas n'esta vida, Occulta um precipicio; O caminho, onde ao fim vemos a gloria, Quantas vezes termina no supplicio!

Eu j? vi, junto a um tumulo isolado, Um grupo de crian?as, Dando as m?os e travando em ch?o de morte, Com risos infantis, alegres dan?as.

Vi-os tambem sorrirem descuidados Se piedoso viandante Parava pensativo e, murmurando Uma humilde ora??o, passava adiante.

Assim tambem sorris, se melancolico Eu penso no porvir, Quando uma sombra vem turbar-me a fronte, Tu, como elles, contemplas-me a sorrir.

Mas olha, quer's saber a historia triste D'esses tres innocentes, Que, sobre as cinzas frias d'uma campa, Se entregavam a jogos complacentes?

? noite a m?e, beijando-os, estranhou-lhes Da face a pallidez, E um presagio sentiu ao alvor do dia... Eram frios cadaver's todos tres.

? que os ares do tumulo d?o morte Em afago homicida, N'esse ar infecto em que se extingue a chamma Tambem arqueja e expira a luz da vida.

Teme pois tambem tu, candida virgem, O ar que aqui respiras, E n?o perguntes mais ao viandante, Que pensamentos d'amargor lhe inspiras.

Sempre o riso em teus labios! N'essa fronte Nem uma sombra apenas! Nem uma nuvem s?, l? no horizonte A amea?ar-te com futuras penas?!

Presente-se uma alma de poeta em completo antagonismo com outra alma, que ou nasceu fadada para estranhas alegrias ou, menos sincera, sabia concentrar em si mesma o segredo das suas maguas.

Quem sabe! Quantas vezes ? mentida Dos labios a alegria? Quantas vezes no peito comprimida Nos devora latente uma agonia!

A noite pass?ra em vela. E que noiva a dormiria? E, ao desmaiar das estrellas, Alvoro?ada se erguia E a alva fl?r da larangeira Ao v?o de neve prendia.

Estas alegrias nupciaes n?o podiam deixar de ser anuveadas pela inspira??o melancolica do poeta. Passam-se as horas, e o noivo n?o chega. Em compensa??o, vem a noticia de ter sido morto em combate. A noiva succumbe

E a alva fl?r da larangeira Com ella ? campa descia.

Era uma crian?a loira Quando a vi na sepultura; Da a?ucena tinha a alvura, Teve o seu curto durar.

...............................

--<> --<>

--Pura a trarei, voltando... Se n?o morrer alli.>> --<>, disse a m?e, chorando, <>

Puz, ? volta do teu ber?o, Todo o amor, que um seio tem, E arrancam-te dos meus bra?os Porque eu n?o sou tua m?e?

De anno para anno s?o sensiveis os progressos do poeta. A f?rma desenvolve-se, torna-se flexivel ? inspira??o, e o colorido vai ganhando em mimo o que j?mais ? ideia faltou em sentimento.

O BOM REITOR

Sabem a historia triste Do bom reitor? Misero! toda a vida Levou com dor.

Fez quanto bem podia... Mas... a final Morre e na pobre campa Nem um signal.

Nem uma cruz ao menos Se ergue do ch?o! Geme-lhe s? no tumulo A vira??o.

Vedes, alem... na relva... Junto ao rosal Flores que ha desfolhado O vendaval?

Cobrem-lhe a lousa humilde; A crea??o Paga-lhe assim a divida De compaix?o.

Pobres, que amava tanto, Nunca, ao passar, Choram, curvando a fronte Para rezar.

Nunca, ao romper do dia, O lavrador P?ra e lamenta a sorte Do bom reitor.

As criancinhas nuas, Que estremeceu, J? nem sequer se lembram Do nome seu.

No salgueiral visinho, Ao p?r do sol, Vai-lhe carpir saudades O rouxinol.

Lagrimas... pobre campa! Ai, n?o as tem. S? da manh? o orvalho Rocial-a vem.

Da solitaria lua A triste luz Grava-lhe em vagas sombras Estranha cruz.

E elle repousa, dorme... Vive no c?o; Dorme, esquecido e humilde Como viveu.

Ha n'esta vida amarga Sortes assim. Vive-se n'um martyrio, Morre-se emfim...

Sem que memoria fique Para dizer ?s gera??es que passam Nosso viver.

Quem me escutar, se um dia Ao prado for, Ore pelo descanso Do bom reitor.

Assim tambem a ideia, que o espirito recebeu um dia, p?de florir ?manh?, fructificar depois, e opulentar para todo o sempre os celleiros onde se apascenta a intelligencia humana. Toda a primavera foi bot?o, e o mesmo sol, que ao meio-dia deslumbra, primeiro se mostrou diluc?lo...

Virgens, gravae na memoria Este conto verdadeiro; Que p?de ser vossa a historia Da folha solta do ulmeiro.

S? eu, que vos sigo com vistas saudosas Ao vosso desterro, dos mares al?m, J? quando ao prado brotarem as rosas, Talvez n?o reviva co'as rosas tambem,

parecia encerrar uma prophecia que infelizmente j? se converteu em realidade.

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