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Read Ebook: Scenas da Roça: Poema de costumes nacionaes by Corr A Ant Nio

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Ebook has 258 lines and 17090 words, and 6 pages

<<--Vamos com isso, rapazes, que temos mais que fazer e d'aqui por uma hora ninguem se p?de mecher. Joaquina e Manuela, voc?s v?o l? p'ra capella capinar ali na frente. Ol?, moleque, ? vadio! chega ali embaixo no rio, v? se vem alguma gente.

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Se eu soubesse descriptiva dava aqui em perspectiva a fazenda toda inteira! tomava tinta e pincel e sobre plano-painel transportava... mas ? asneira...

Eu n?o pesco nem pitada dessa insulsa trapalhada, de linhas, pontos e tra?os; mas tambem n?o me entriste?o, ? sciencia que aborre?o, cansa a cabe?a e os bra?os.

E na falta de sciencia, eu pe?o condescendencia p'ra o tra?ado que vou dar; ? obra de um curioso... meu leitor, sei que ?s bondoso, n?o o queiras censurar.

O todo se emmuldura em matto virgem; arbustos mil em fl?r d?o-lhe a fragancia, e o fundo do painel ? verde-escuro da c?r de um cafesal visto ? distancia.

Por entre as pedras soltas de seu leito, o rio serpenteia murmurando. De um lado a horta, o engenho, alguns pomares, do outro, os animaes que est?o pastando.

Aqui o mandiocal n'um morro enorme, naquelles ? direita, ? o cafesal; ha uma socca de arroz junto do brejo e da cerca p'ra l?, o cannavial.

No centro, n'uma dobra do terreno, a casa que ? voltada p'ra o nascente; precede-lhe o jardim, primor de gosto que a abra?a pela esquerda e pela frente.

Ao fundo em duas ruas parallelas a casa da farinha, a do feitor, pai?es, estrebarias e senzallas, o tanque, o gallinheiro, e corador.

Olhando p'ra direita v?-se a escada que tem de cada lado uma mangueira, o campo e o caminho em linha recta, que da casa vae parar junto ? porteira.

Concebe o quadro l? como puderes! eu dou-te aqui apenas um bosquejo, querel-o completar f?ra loucura, se bem que fosse grande o meu desejo.

L? chega o rancho enorme e folgas?o que vem p'ra festejar o S. Jo?o.

De quatro leguas em roda, toda aquella visinhan?a veio assistir ? festan?a da noite de S. Jo?o. O povo da freguezia quazi todo nesse dia, ia como em romaria pandegar por devo??o.

Como ? uso admittido, a pess?a convidada leva roupa preparada para quatro ou cinco dias!... l? na ro?a a moda ? esta; qualquer pagode, n?o presta sem a semana de festa, de intermin?veis folias!

Subindo e descendo morros, n'um carro por bois puchado, n'um tunel improvisado de arcos e de uma esteira, de uma fazenda visinha a passo lento caminha a familia que se aninha n'essa amavel capoeira.

Atraz os negros da casa T?o carregando os bahus, sem camisa, quazi n?s, e alagados de suor; ao lado caminha a passo, n'um lindo macho pica?o, o fazendeiro rica?o que vae morto de calor.

Os filhos v?o a cavallo. Na frente caminha o pagem, que sem esse personagem na ro?a n?o se ? ninguem! ? um negro de confian?a em quem o Senhor descan?a, que exerce desde crian?a o cargo honroso que tem.

Usa jaqueta de vivos, chapeo baixo de oleado, topete bem penteado, canos de bota e chilenas; ? o mensageiro de amores dos filhos de seus senhores; leva cartinhas e fl?res para entregar ?s pequenas.

O pagem da ro?a ? um typo de serio e acurado estudo, sabe um bocado de tudo quanto se deve saber. ? ferrador, ? selleiro, carapina e corrieiro, ? pe?o e no terreiro requebra um fado a valer.

Aqui um rancho de mo?as vae a p?, moram t?o perto!... s?o duas leguas, ? certo, mas diz-se na ro?a:--? ali. E por toda aquella estrada v?-se gente a p?, montada, e outra que j? can?ada bebe ? sombra paraty. ................................... ................................... ...................................

Terminou-se o jantar, ? noite escura; com fachos de sap? ligeiros correm os mo?os dando vivas. Accende-se a fogueira e em torno a ella v?o sentar-se alegres, descuidosos, os grupos de convivas.

Aqui tomam garapa em lisas cuias, os velhos, que disputam seriamente ?cerca de elei??es, ou fallam do caf? que est? sem pre?o, nos gastos da lavoura e poucos lucros de suas transac??es.

Ali as mo?as todas reunidas dissertam sobre amor e namorados com tal proficiencia, como um lente, jubilado na materia, derramando em qualquer academia a luz da experiencia.

N?o longe os rapazes formam grupos: uns s?o republicanos exaltados e outros monarchistas; e outros sem partido, olhando as mo?as, a morrer de amor por ellas, contam rindo amores e conquistas.

? tudo anima??o, prazer e vida... aqui um bello dito, ali vozes confusas, gostosas gargalhadas; estouram buscap?es, rebentam bombas, foguetes e bal?es erguem-se aos ares no meio de apupadas.

<<--Qual, compadre, desta feita parece que os liberaes n?o sobem, n?o, mas ? o mesmo... que me diz, Sr. Moraes?

<<--Eu n?o sei, mas desconfio que os homens n?o fazem nada; pelo menos l? na villa ? tudo chapa cerrada.

<<--Aposto cem contra dez, com quem quizer apostar, em como os conservadores h?o de ceder o logar.

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<<--Ora adeus, em quanto a brios os outros tambem os tem; e ninguem lhes passa a perna, porque fallam muito bem.

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<<--Pois creia, sinh? Chica, foi olhado botado na pequena com certeza; Cand?ca esteve assim, mas foi resal-a a sogra do Manduca, a nh? Thereza.

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<<--Quem sabe, diz a tia Marcolina, que entende destas cousas como gente, quem sabe se a espinhela tem caida?! se for isso, ponho-a boa de repente.

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Eu n?o sei porque ? que em toda a festa se encontra sempre um b?bo, um toleir?o, dizendo muita asneira e se inculcando rapaz de muita gra?a e sabich?o!

Fallava sempre em termos empollados, mirava-se ao espelho a cada instante; usava cita??es em qualquer lingua, e tinha o ar altivo do pedante.

Frisada a cabelleira e com pastinhas... gravata verde-mar, o fraque azul, as luvas c?r de cinza, a cal?a branca, sapatos de verniz; eis meu taful.

Desceu para o terreiro, olhou em torno buscando achar um pobre a quem massar, e eil-o dentro em breve n'uma roda, com todo o seu furor a disputar.

<<--Perd?o, dizia o typo enthusiasmado: eu sou republicano, e como tal exijo a liberdade a mais completa, quer na ordem civil, quer na moral.

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Fallou e disse asneiras muito tempo at? que ficou s?, sem mais ninguem! <<--Camellos! disse elle em tom baixinho, nem sabem de que ponto a luz lhes vem!>>

<> <<--N?o foi aqui, foi ha um anno... na c?rte, se n?o me engano, n'um baile que eu a encontrei... --Oh! gentes! est? enganado, se perguntar p'ra que lado a c?rte fica, n?o sei!>>

<<--Era ent?o o seu retrato divinamente imitado... os mesmos olhos divinos! o mesmo rosto adorado!... <<--Oh! senhor, parece incrivel! deveras ser? possivel t?o pasmosa semelhan?a?! --Oh! natura eterna e infinda! nunca vi mulher t?o linda!... --Eu sou linda? que esperan?a!

<<--Ent?o n?o vio Guanabara da metrop'le no rega?o, sonhando loucos edyllios co'os olhos fitos no espa?o?! <<--N?o senhor! se eu n?o conhe?o!>> <<--Escuta, diva, eu te pe?o: sou talvez um sonhador... --Oh! mo?o, mal comparando, quando o senhor est? fallando parece-me um pregador!>>

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