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Read Ebook: O Marquez de Pombal Lance d'olhos sobre a sua sciencia; politica e systema de administração; ideias liberaes que o dominavam; plano e primeiras tentativas democraticas by Garcia Manuel Em Dio

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Ebook has 152 lines and 12905 words, and 4 pages

ESTUDOS CRITICO-HISTORICOS

O MARQUEZ DE POMBAL

Lance d'olhos sobre a sua sciencia; politica e systema de administra??o; ideias liberaes que o dominavam; plano e primeiras tentativas democraticas

POR

M. EMYGDIO GARCIA

COIMBRA IMPRENSA DA UNIVERSIDADE 1869

ESTUDOS CRITICO-HISTORICOS

O MARQUEZ DE POMBAL

SR. ALEXANDRE HERCULANO.

SR. ALMEIDA GARRETT.

REAC??O OU LIBERDADE?

As reformas liberaes e a reac??o ultramontana-absolutista em Portugal; estudo, feito em 1866, sobre a carta do Marechal Duque de Saldanha ?cerca do casamento civil.

PASCHOAL JOS? DE MELLO FREIRE DOS REIS

Lance d'olhos sobre a sciencia do Direito em Portugal nos come?os d'este seculo. Escreveu-se pela primeira vez a Historia do Direito Patrio e foi este reduzido a um systema regular e harmonico. Revolu??o nas leis e na jurisprud?ncia.

ESTUDOS CRITICO-HISTORICOS

O MARQUEZ DE POMBAL

Lance d'olhos sobre a sua sciencia; politica e systema de administra??o; ideias liberaes que o dominavam; plano e primeiras tentativas democraticas

POR

M. EMYGDIO GARCIA

COIMBRA IMPRENSA DA UNIVERSIDADE 1869

Deparam-se mui varias, e at? contradictorias, aprecia??es e juizos sobre o caracter e obras do celebre Marquez de Pombal.

Livros de recentissima data, fabricas de muito pezo litterario e primores de arte, ricos de substancia, e n?o menos opulentos de formas, reproduzindo-as, parece quererem de novo levantar pleito, propor ac??o e renovar processo, que n?o logrou ainda passar em julgado.

Mas n?o se diga que por parte do auctor d'este apoucado escripto ha tanta vaidade e tamanho arrojo, que ouse inculcar-se para juiz officioso em t?o graves contendas; consintam-lhe todavia, e para isso pede antecipada venia, que deponha em processo, no qual a posteridade, e talvez ainda o nosso publico illustrado, ha de proferir, algum dia, e lavrar senten?a definitiva.

N?o ? para alardear thesouros de sciencia e pompas de erudi??o; que t?o arredadas nos andam uma e outra, que mal de longe as enxergamos em poder de alguns privilegiados, que, merecendo muito a Deos, n?o pouco devem ? fama que os apreg?a; o que s? nos achega, porque a todos chega, ? o amor da verdade e o zelo da justi?a.

E foi a verdade que nos citou, para comparecermos no tribunal da imprensa: se fingindo ser tal nos illudiu o erro, valha-nos de desculpa, para bem merecer perd?o, a boa f? com que, sem a menor sombra de rebeldia, nos damos ? obediencia.

E com effeito, imperiosas circumstancias e motivos ponderosos estorvaram o auctor, e bem contra sua vontade, de sa?r a pleitear na contenda em prol da liberdade e dos liberaes, contra quem se erguia e praguejava mais uma vez, em descomposto e mal soante vozear, a turba dos retrogrados. N?o nos amedrontaram clamorosas gritas de injusta, se n?o ainda mais fingida e calculada indigna??o, odios amea?adores de raiva accesos, que n?o ha receios, nem escrupulos, onde entranhadas convic??es se alentam; nem fomos levados do temor de affrontar-lhe as iras vans, que n?o falecem animos e coragem, quando a consci?ncia ? pura e as inten??es desinteressadas; nem pode a ignorancia de uns, o fanatismo de outros e a hypocrisia de muitos vencer ou sequer dobrar espiritos rectos.

Nesse pouco, que do incognito e encarcerado manuscripto passou ? liberdade e a correr mundo, vem o que reproduzimos agora: bem pode ser que algum dia nos d? na vontade e resolvamos fazer correr o livro inteiro, em demanda de bom e generoso gazalhado; e de experimental-o comece j?, para que, posto n?o merecer subida estima??o obra de t?o mediano vulto, n?o tenha o auctor de arrepender-se d'esta sua primeira tentativa.

O MARQUEZ DE POMBAL

Foi essa epocha o prologo fecundo das revolu??es! Esse homem o precursor admiravel do liberalismo!

O sol da liberdade come?ava de surgir e elevar-se no horisonte das sociedades europeas, e, com elle, despontava do lado da Fran?a o dia da emancipa??o popular.

Baccon, Montesquieu, Rabelais, Bayle, Fontenelle, e outros, foram apenas a aurora do brilhante dia; Diderot, Alembert, Condorcet, e Rousseau, animando-lhe cada vez mais os raios luminosos, s? esperavam por Voltaire, o astro da philosophia, por Mirabeau, o genio da politica, que, resumindo em si toda a sciencia, toda a energia do seu seculo, haviam de dar a realidade ao sentimento e ? ideia revolucionaria.

<>, ?a dispondo o animo para entrar um dia affoito e lidar desassombradamente com os negocios da alta politica e da administra??o publica.

Tomara por modelo, escolhera para seus mestres,--Richelieu, Sully, Colbert, Argenson, e as maximas, as memorias, os testamentos politicos d'estes estadistas, mas principalmente a moral, a philosophia e todos os trabalhos scientificos dos encyclopedistas--foram o thesouro, onde aquella intelligencia vasta, aquelle espirito eminente, aquella vontade firme e energica se enriqueceram e auriram luz e for?a, para produzir o que depois se viu e admirou.

Era mister levantar o edificio, que, minado pela base, dobrava j? ao peso de tantas pompas e magnificencias: o reino, povoado de sumptuosos edificios, deslumbrante de purpura e ouro, mas pobre de actividade e iniciativa, definhando ? mingoa de moralidade e instruc??o, pendia j? sobre o abysmo, que um luxo reprehensivel e uma ociosidade criminosa lhe tinham aberto pelas m?os do proprio rei, sempre e em tudo dirigido pela c?rte de Roma, dominado pelo clero e lisongeado pela nobreza.

A Europa agitava-se em seus fundamentos: havia uma especie de detona??o, que impressionava os espiritos: estranhas convuls?es abalavam o grande corpo social, como symptomas percursores d'um proximo terremoto moral e politico.

A anarchia popular avisinhava-se do seu momento fatal; o governo monarchico-absoluto, desacreditado em quasi todos os estados da Europa, quasi desconhecido no Novo Mundo e declarado por muitos espiritos rectos o peior dos governos, esperava todos os dias a sua senten?a de morte; a ac??o philosophica, apoderando-se das intelligencias elevadas do seculo, ia-lhe preparando o supplicio no patibulo da opini?o publica.

Os philosophos de Inglaterra e Fran?a trabalhavam fervorosos na propaganda liberal: as theorias de Baccon e Mentesquieu tinham sido profundamente desenvolvidas e levadas at? ?s suas ultimas consequencias praticas.

Uma nova f?rma de governo existia j? tra?ada na mente de muitos homens illustres.

As materias combustiveis, que se haviam de inflammar para accender a revolu??o, acervavam-se por toda a parte.

Alguma cousa de extraordinario e assombroso se preparava no laboratorio immenso da Europa!

Algum monumento, de sumptuosa fachada e maravilhosa architectura, mas j? gasto pelo ro?ar dos tempos, ia desabar at? aos alicerces.

Finalmente as institui??es, os poderes, as opini?es.... tudo annunciava que a transforma??o estava imminente, e inevitavel e fatal devia operar-se por uma revolu??o geral e profunda!

Optou pelo segundo meio. Como politico propoz-se o plano e as medidas de Richelieu, mas com outro fim e mirando a mui diverso resultado; como economista e financeiro esfor?ou-se por imitar o grande estadista Sully; discipulo de Quesnay, aprendera com elle que ? no solo que reside a principal fonte de riqueza e as materias primas de toda a produc??o; como Adam Smith j? n?o ignorava que s? o trabalho pode arrancar ? natureza os seus productos e, transformando-os, fazel-os servir ? satisfac??o das necessidades humanas, ? prosperidade publica e ? felicidade domestica.

Sebasti?o Jos? de Carvalho, discipulo fervoroso das ideias philosophicas, politicas e economicas, que a Fran?a espalhava por toda Europa, comprehendia bem o estado de fermenta??o revolucionaria, em que por toda ella se agitavam os animos.

<>, pensava elle, <>

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