Read Ebook: Class Book for the School of Musketry Hythe Prepared for the Use of Officers by Wilford Ernest Christian
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Se o mundo se acha ainda entregue ? violencia estupida e cruel da for?a puramente fisica, se ainda abundam os que nela cr?em com um fetichismo barbaro, e a tomam pela prova ultima da civiliza??o, entretanto a propaga??o de um sentimento vigoroso de desprestigio da for?a a condena, sen?o ? miseria de um facto de abomina??o, pelo menos a um estado de sujei??o e escravid?o sob o dominio de poderes mais altos. N?o ser? propriamente o desprestigio da for?a esse julgamento dos seus feitos e crimes ao qual temos assistido, mas ? desde j?, e claramente, o sentimento das responsabilidades da for?a. O imperialismo e as suas armaduras de a?o e as suas tiranias e magistraturas v?o a retemperar-se em um novo baptismo. Secretas leis da alma dos povos lhe exigem, por titulo de admiss?o, que de apanagio e privilegio, instituido em proveito da riqueza e do orgulho dos estados, das dinastias e das classes, se converta em instrumento da paz e da prosperidade dos povos. Depositario da for?a, e n?o o seu livre possuidor, o imperialismo moderno, para legitimar e manter a sua existencia e o seu poder, cede a impulsos que j? de longe lhe vinham turvando a liberdade e o absolutismo, e tem de cohonestar a ambi??o do dominio, e os interesses dos que dominam e regem, com a consciencia zelosa e praticamente fecunda das responsabilidades impreteriveis que ele importa para a alegria e fortuna das na??es e das gentes que compreender no seu ambito e tiver, mais sob a sua protec??o e guarda do que sob a sua autoridade retribuida. De um simples instrumento de mandar e de usufruir riquezas, de um processo de avareza ter? de passar, por efeito do progresso moral e das obriga??es politicas correlativas, a um modo de servir isentamente. E essa transforma??o que a evolu??o moral das sociedades vinha reclamando lentamente, incitando e conquistando a custo, foi agora subita e singularmente apressada pela violencia da guerra, pelas suas dores, pela experiencia e desenganos de que ela se tornou portadora sinistra, todas inclinando a cr?r que o imperialismo, para ser um processo de ordem politica e como tal escapar aos impetos de uma reac??o anarquica, ter? de fundar-se em nobreza, probidade, desinteresse e inspira??o de altos e generosos deveres. S? por estes e pela fidelidade com que os observar, s? pela actividade e pela soma de bens concretos que importar para a felicidade dos povos, ser? aceite e querido. Confiado apenas ao prestigio das armas e ? ostenta??o da soberba e da crueldade, da avidez e da injusti?a, erguidas estas em seus tronos de riqueza, j?mais ir? al?m das cria??es gigantescas que a historia nos mostra dissolvendo-se invariavelmente na corrup??o do seu proprio sangue. A desilus?o tornou-se completa no meio da catastrofe.
A atrocidade dos combates imprimiu com uma profundeza desconhecida esta fei??o de servi?o do proximo, n?o s? ao imperialismo politico, ao que usa canh?es, palmas e estandartes e aterra pela morte, mas tambem a todos os demais imperialismos seus parceiros, parentes e aderentes, aos imperialismos das oficinas como at? aos simples imperialismos domesticos. Por for?a da dolorosa eloquencia de um momento que revelou na sua nudez a miseria de todo o isolamento orgulhoso dos homens e das na??es, sucede a urgencia da solidariedade e da coopera??o ?quele apetite de dominio, explora??o, sujei??o e posse que tem sido a alma de todas as escravid?es e servid?es. Nesta lugubre escola, o capit?o de armas aprendeu a respeitar o soldado, como o patr?o o operario, e o amo o seu servo. A ideia de propriedade, dos homens como das cousas, a raz?o do dominio pulverizou-se para ser refeita em nova liga. Isentou-se de estranheza o clamor de Tiberio Graco, quando clamava ?s multid?es que o cercavam: <
Por outro lado, a press?o dos confrontos proprios de toda a angustia em que as prova??es nos incitam a considerar a sorte dos que de semelhantes desgra?as teem sido menos atormentados, levava-nos a verificar, em sentimentos menos platonicos dos que aqueles que at? agora prevaleciam nas academias, que emquanto a Europa se enleiava em tradi??es e prejuizos, com um passado tanto mais pesado para a liberdade do seu espirito quanto mais longo e acidentado nos anos e nas vicissitudes insinuando-lhe o tumulto e turva??o do conflicto de diversissimas aspira??es, algures a situa??o era diferente. Emquanto a Europa arrastava entre fadigas e penas infinitas esse fardo que ? a sua gloria e a sua grandeza, e tambem, bastas vezes, o residuo morto da sua vida e o estorvo fatal da sua vitalidade, al?m do Atlantico filhos seus, que ela criou e amamentou com o melhor do seu sangue, tinham fundado na??es opulentas de riqueza e felicidade, e regendo-se por principios ass?z diferentes dos que nos preocupam e governam, e emancipadas em larga escala do que a n?s nos causa dano.
N?s, europeus aferrados a todas as aristocracias, de espirito como de bens, destituidos de elasticidade moral e economica, facilmente nos envergonhando da pobreza, tardos em sentir como sem prejuizo da dignidade e at? da alegria um homem passa de magistrado a caixeiro e de caixeiro a magistrado, n?o raro inclinados a tomar por honra a hierarquia social e a profiss?o, rebeldes a perceber que a honra ? um facto de consciencia e n?o depende da condi??o economica e da classe,--com qualquer coincide e a todas p?de ser alheia,--temos visto com frequente desconfian?a o desenvolvimento da grande Republica Norte-Americana, suspeitando da sua nobreza e temendo, sen?o mesmo aborrecendo, a rudeza das suas energias violentas, desprendidas de todos os moderadores que entre n?s lhes minguariam a expans?o e os impetos. O governo da multid?o e a paix?o mercantil afiguram-se-nos por vezes uma degrada??o, quando os referimos ?s hierarquias tradicionais e hereditarias que nos andam no sangue, e a velhas e equivocas fidalguias de desprendimento dos bens da terra que essas fidalguias desprezam por ignominiosos, sem embargo de consentirem que o seu desprezo sirva tanto ? eleva??o da alma e ? generosidade como ? ociosidade indigente e ao desamor do trabalho.
Mas, chegados a um momento de calamidade, como o presente, e atentando mais uma vez na condi??o dos que nos aparecem melhor armados de espirito e corpo para afrontarem as horas de desvairamento e ansiedade, n?o podemos furtar-nos a duvidas, e preguntamos se de facto n?o haver? constitui??o social mais simples e feliz do que esta, muito confusa, das velhas civiliza??es europeias, e se aqueles nivelamentos e liberdades democraticas que desde Plat?o tivemos por portadores de depress?o, n?o redundam afinal na supress?o de todas as superioridades e excep??es, compensando-a amplamente pela eleva??o economica e mental da mediania e do comum. Sem embargo dos muitos descontos que necessariamente ha a fazer em todas as prosperidades, o certo ?, e evidente, que os Estados-Unidos da America, dentro das suas formulas democraticas e seja qual f?r o muito mal que das democracias possa dizer-se e verificar-se, alcan?aram uma situa??o politica admiravel, emquanto os Estados-Unidos da Europa, t?o orgulhosos de saber, experiencia, ordem, categorias e tradi??es, s?o ainda do reino da utopia, para o maior numero, e uma vaga esperan?a, para um reduzido optimismo que teima em n?o descr?r do progresso moral da humanidade. N?o sem boas raz?es, a democracia europeia pregunta-nos se o imperialismo capitalista transatlantico, precario, a praso, sujeito ? sorte da inteligencia e dos bons negocios, ser? mais funesto e menos cruel do que o imperialismo militar dinastico, nascido e mantido por ordem do acaso hereditario, sem obriga??o de capacidade mental nem dependencia das contingencias mercantis. Alguem mesmo quereria saber dos mestres da sciencia social e politica das nossas terras se os Estados-Unidos da America viveriam entre si na paz em que vivem se, em logar de se organisarem democraticamente, tivessem fundado monarquias com as respectivas dinastias. E os factos recentes, particularmente o que se tem passado nos Balkans, e estes opressivos e indeclinaveis confrontos semeiam perplexidades, demasiado bastas para nos deixarem caminho aberto e plano pelo qual possamos sair afoitamente de semelhante labirinto.
Nem mesmo ser? de prevalecer o argumento usual contra a legitimidade da compara??o da Europa e da America, alegando que as tradi??es da Europa e a juventude da America n?o autorisam aproxima??es. N?o, as tradi??es da Europa s?o as tradi??es da America, e a idade da consciencia e da raz?o de um e outro continente ? a mesma; quem fundou as na??es de al?m do Atlantico foram europeus repassados do que as civiliza??es europeias tinham de mais profundo. A diferen?a, onde a haja, depende apenas de descriminarmos em que ramos da tradi??o, que muitos eram, se fundou a civiliza??o americana, e em que ramos da tradi??o se manteve a civiliza??o da Europa. E, feito isto, teriamos ainda, para tirar as ila??es praticas do confronto, de saber se foi a Europa ou a America que se desenvolveu nos ramos sadios, qual dos dois continentes teve a infeliz sorte de se aferrar aos ramos decrepitos, invadidos de toda a casta de musgos e liquenes, continuamente sujeitos a inumeraveis doen?as parasitarias.
Destas divaga??es do espirito em busca de melhores dias, uma cousa se salva, por?m, intacta--a condena??o da violencia como processo politico. Em toda a hipotese chegamos ? certeza--e essa certeza constituir? um poder politico de suprema importancia--de que para a prosperidade dos estados e das na??es valer? sempre mais organisar do que armar; mais se fortalecem as na??es pelo desenvolvimento e coordena??o das suas rela??es internas e externas do que pela invulnerabilidade restrictamente militar. Nas na??es como nos individuos, a saude politica, como a saude fisiologica, ser? mais um facto de equilibrio e pondera??o das suas energias do que o desenvolvimento sumo de qualquer delas, seja qual f?r, for?a militar ou capacidade muscular. Se os Estados Unidos da America n?o nos facultassem elementos decisivos nessa demonstra??o, bastaria para nos induzir em semelhantes conclus?es o confronto da soberba e prolongada expans?o pacifica da Alemanha antes da guerra com os destro?os de varia especie, economica e moral, acumulados pela cegueira da sua febre guerreira, desde o dia em que se julgou capaz de manter e acrescentar a grandeza por efeito e gra?a da violencia militar. O seu imperio e prestigio, cujo alargamento participava da natureza dos prodigios do engenho humano, dissipou-se em uma extens?o incalculavel na hora em que, desprendendo-se de toda a simpatia pelos povos que a acolhiam em termos de fraternidade, preferiu a arrogancia da for?a ? insinua??o do amor, ou mesmo ao simples comercio das comodidades mutuas. Na hora em que a Alemanha ateiou o incendio infernal que prostrou a terra e os nossos cora??es na desola??o, nessa hora brilhou com um novo e imperecivel esplendor e que o fogo n?o queima; nessa hora nos convencemos, subjugados pela d?r e esclarecidos pela experiencia, que a essencia da vida das na??es, o que torna os seus povos eleitos ou condenados, dignos ou infames, felizes ou desgra?ados, ou at? mesmo ricos ou pobres, ? a sua alma, a sua aspira??o, a sua f? e a sua cren?a, o seu caracter moral e religioso, perante o qual o saber e a for?a s?o unicamente uma ilus?o e uma insidia, uma trai??o tarde ou cedo destinada a conduzi-los ? vergonha e ? miseria, se um instinto salvador n?o lhes ensinou a disciplinar e conter esse saber e essa for?a na obediencia a uma aspira??o superior.
A fortuna dos povos ? em ultima analise quest?o moral, quest?o de psicologia, traduc??o do idealismo de cada um e de cada epoca, acidente positivo de uma alma.
Um publicista eminente da Inglaterra, professor da Universidade de Londres, o sr. L. T. Hobhouse, examinando as causas da guerra e as suas consequencias, assim como as possibilidades e probabilidades de uma paz imediata e duradoura, acentuou este aspecto essencial de deriva??o psicologica da fortuna das na??es em dois livros, que, a meu v?r, s?o das li??es mais lucidas e serenas que o tremendo conflicto provocou.
Segundo o seu pensar e dizer, a culpa da calamidade que pagamos caro, com rios de sangue, e da qual as gera??es futuras ter?o de resgatar por meio de incalculaveis e prolongados sacrificios as na??es modificadas e de todo empobrecidas, n?o foi o Kaiser nem a diplomacia, modestos colaboradores e interpretes de sinistros desvairamentos. A guerra proveio das tendencias e desordens da psicologia dos povos; as cogita??es da filosofia e as inquieta??es morais e politicas correlativas que precederam a catastrofe e se amiudaram durante largo tempo antes da guerra, traziam claramente no ventre as convuls?es em que haviam de rematar. Durante estes ultimos doze anos, imediatamente antes de 1914, juntaram-se e cresceram na Europa os elementos de desgra?a--<
Simplesmente, a sciencia e a filosofia, na rajada da invas?o materialista, esqueceram, por?m, que a arvore tinha raizes e que, por muitos ramos que lhe partissem e queimassem, as raizes ficavam na terra, e ao primeiro alento da primavera novos ramos iam crescer do tronco e florir, em tudo semelhantes aos antigos. Esqueceram que as na??es, como a nossa alma, teem uma historia e instintos alimentados e avigorados no correr dos tempos, e n?o haver? for?as de raciocinio nem impetos de destrui??o que os arranquem do seu temperamento; esqueceram que a nossa civiliza??o tem um caracter e esse caracter, residuo da fermenta??o de uma longa vida, constante em sua essencia, ? que afinal ha-de marcar-lhe a linha de progresso atravez de todas as contingencias.
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De facto, nas trevas da catastrofe sentiu-se desde o come?o o poder de uma aspira??o que vem de longe e n?o se engana no rumo; sentiu-se a obediencia a um evangelho espiritual e moral, de que a politica com o seu cortejo de ambi??es e degrada??es ser? apenas um turvado espelho, um acidentado esfor?o de realisa??o, sujeito aos vaevens de toda a traduc??o concreta dos sonhos de nossa alma, da de cada homem como da de cada ra?a e da de cada momento da civiliza??o, ora deformada e oprimida por virtude dos seus combates, ora vitoriosa e prospera, mas afinal, em derradeira sumula, invariavelmente progredindo e progressiva. Um alto e profundo idealismo determina muito daquilo que, no primeiro movimento de repuls?o e de horror perante a guerra, nos poder? parecer s?mente a assola??o de uma torrente de abjec??es e vilanias.
Clutton Brock, cuja autoridade de pensador cresceu com as considera??es de elevado caracter moral que publicou sobre a guerra, incita o seu pa?s a fortalecer-se na disciplina de uma filosofia, de que o acha desprovido.
Por esse motivo e com o fim de tra?ar os fundamentos essenciais dessa renova??o espiritual escreveu um opusculo, onde pretende que uma das grandes vantagens da Alemanha na guerra foi encontrar-se robustecida pela insinua??o organica de uma filosofia que inteiramente lhe repassou todas as actividades--uma filosofia m?, pervertida, conduzindo ao crime em vez de conduzir ao bem, mas, sem embargo, uma filosofia, a concep??o de um sistema das rela??es do mundo e dos homens, crente na sua justi?a e nobreza, e s? por isso uma fonte incomparavel de energia, uma arma formidavel de combate, sen?o a mais eficaz das armas de combate, aquela sem a qual todas as demais s?o frouxas. E isso teria faltado aos Aliados.
Os alem?es <
Na verdade, embora a afirma??o categorica de que carecemos de uma filosofia da vida se ache singularmente moderada onde o exame do moralista reconheceu que <
Essa filosofia, que o critico quereria sentir na gente da sua patria, de facto subsiste desde j? e activamente. Trazemo-la no sangue, neste sangue que ? o legado de muitas gera??es, e no qual se fundiram e consubstanciaram, em uma tenacissisima aspira??o, aquela liberdade que a Grecia sonhou, a ordem que Roma fundou, e, coroa??o maravilhosa do pensamento politico constituido pela antiguidade greco-romana, o nacionalismo acalentado pela Renascen?a, movendo-se e medrando dentro daquela catolicidade que uma vez nascida do poder e governo do imperio romano viveu na igreja catolica, prevalecendo-se de um momento de unidade religiosa, e hoje se prolonga nas aspira??es do internacionalismo, fundando na comunidade humanitaria o que algum tempo foi resultado da unidade religiosa--sem muito querer persuadir-se, diga-se de passagem, que, ou se fale em nome de Deus, ou em nome da Humanidade, ou se invoque a Raz?o, ou nos inflamemos na F?, a conclus?o moral ? em toda a hipotese una e invariavel, e o racionalismo e o cristianismo juntam-se na mesma concep??o da ordem humana, nas mesmas liberdades e responsabilidades, nas mesmas aspira??es e deveres de igualdade e amor.
De filosofia n?o carecemos, realmente. Temos enraizada no peito toda aquela, e profundissima, que a tradi??o e a experiencia de muitos s?culos nos legaram. O que nos afasta da Alemanha n?o ? a mingua de uma raz?o intima, da mesma natureza daquela que a alenta e move; o que nos afasta ? apenas o grau de consciencia e a forma pratica correlativa em que o mundo latino e o mundo germanico sentem essa raz?o e os termos em que lhe obedecem. A Alemanha cultivou e definiu a sua filosofia, aparentemente oposta de todo ? nossa, em circunstancias apontadas por Hobhouse nas passagens que acima traduzi, mas entretanto n?s, descuidadamente, sem nos esfor?armos por definir e sistematisar os motivos do nosso esfor?o, fomos vivendo a nossa vida e seguimos por instinto o nosso caminho, sem o errarmos, n?o obstante n?o preguntarmos para onde iamos e porque. Ao fim, quando o conflicto nos iluminou tragicamente a jornada, ? que vimos onde est?vamos e que especie de filosofia nos tinha conduzido at? ali. Claro est? que mais seguros se encontravam em seus baluartes os que com mais paciencia e metodo os haviam edificado; mas nem por isso os nossos reductos deixaram de se mostrar inexpugnaveis. Se o n?o fossem, se uma filosofia muito diversa da que animou a Alemanha e lhe deu for?a e coes?o n?o nos inspirasse, se aspira??es muito diferentes n?o nos arrebatassem, a guerra ter-se-hia reduzido a uma marcha triunfal dos exercitos teutonicos, portadores de um genero de civiliza??o pelo qual todos os povos da terra estavam suspirando, ansiosos por abdicarem das suas aspira??es ingenitas no seio do povo eleito. A invas?o alem? teria sido uma ben??o recebida de joelhos e com hinos de louvor; n?o significaria a violencia, para nos libertarmos da qual sacrificamos vidas e bens, o melhor da nossa riqueza e da nossa alegria, e comprometemos por largos anos a sorte dos que nos v?o suceder e nos h?o-de herdar encargos tremendos.
Ainda mais. N?o s? traziamos no peito uma filosofia e lhe obedeciamos, embora o prolongado habito de a seguir nos tivesse em grande parte dispensado de lhe reconhecer e cultivar intencionalmente o poder, mas o desenvolvimento dessa filosofia n?o deixou de se operar de continuo e nos termos da sua essencia. E chegados ao momento de dar contas do passado no presente, de revelar as ideias e paix?es em que nos criamos e mostrar pelos resultados ultimos a sua legitimidade, verifica-se que temos sido fidelissimos servos dos principios da nossa civiliza??o, bastas vezes contrariados e oprimidos pela adversidade do destino mas sempre renovados, e ressurgidos e maiores, pela constancia da nossa cren?a.
Para compreendermos como atravez de todas as obscuridades e reac??es de uma fermenta??o mental e material prodigiosa houve um progresso, uma logica, uma direc??o e um adiantamento em uma linha invariavel, bastar? considerarmos esta lenta renova??o psicologica que graduou em diferente altura o valor militar e o valor do trabalho, por virtude da expans?o dos germens inoculados em a nossa organisa??o pelo pensamento democratico tradicional. <
Heroismos de hoje, todos constituidos pela for?a de servir e criar, express?o ultima de uma actividade de amor e de uma compreens?o da virtude dos homens, lentamente elaborada dos germens da nossa civiliza??o, v?o a eclipsar as glorias de ontem, inflamadas no impeto de conquistar e no arrebatamento de esmagar e vencer, paix?es do odio, por vezes fecundas e grandes pela coragem e at? pela isen??o que significaram, mas invariavelmente barbaras pela crueldade dos impulsos, inseparavel da sua for?a intima. O trabalho que algum dia foi vileza e escravid?o e arrastou o carro dos capit?es de armas em seus triunfos, converteu-se agora em uma religi?o, e ? ele que pouco a pouco vae subjugando os capit?es de armas ao servi?o da sua defesa e culto. Emquanto as balas cobriam de cadaveres as trincheiras de Verdun, fumegavam as fabricas no seu labor sob a metralha, os arados sulcavam o ch?o sem temor da morte que pairava sobre as leivas, e a consciencia duvidava, sem saber a quem mais glorificar e engrandecer, se aos que sucumbiam heroicamente nas batalhas da morte, se aos que, n?o menos sagradamente, ofereciam o peito e o sangue nas batalhas da vida. Alguma cousa sentimos, sen?o mudada, pelo menos crescida, por certo apenas crescida, visto que nasceu comnosco, com a nossa civiliza??o, em todos os seus modos a encontramos vivaz e alargando-se, a dizer-nos que, < t?o digno ser ferido ou morto trabalhando pela saude e bem-estar de uma na??o como combatendo por ela.>>
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Os combates que o trabalho combateu em Fran?a durante a guerra, igualam, onde n?o sobrepujam, toda a sua estupenda gloria militar. <Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page