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Read Ebook: Nuestra Pampa; libro de lectura by Molins W Jaime Wenceslao Jaime

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Ebook has 151 lines and 7689 words, and 4 pages

O estrago cada vez era maior, mais forte; Apezar da realeza, o throno e a sachristia Andarem sacudindo o enxofrador da morte No formigueiro vil das pragas da heresia.

Por ultimo Voltaire--filoxera invade Essa encosta plantada outr'ora por Jesus, E das cepas ideaes da escura meia idade Ficaram simplesmente uns velhos troncos n?s.

Mas como havia ainda alguns consumidores D'esse vinho que o sol deixou de fecundar, Uns velhos cardeaes, habeis exploradores, Reuniram-se em concilio afim de os imitar.

E ? assim que Antonelli, o verdadeiro papa, O chimico da f?, um grande industrial, Fabrica para o mundo ingenuo uma zurrapa Que elle assevera que ? o antigo vinho ideal.

Para isso combina os varios elementos Que comp?em esta droga: o nome de Maria, Anjos e cherubins, infernos e tormentos, Bastante estupidez e immensa hypocrizia.

P?e isto tudo a ferver, liga, combina, mexe, E, filtrando atravez d'uns textos de latim, Eis preparado o vinho, ou antes o campeche, Que a sa?de da alma hade arruinar por fim.

Mas como o paladar de muitos europeus Quasi prefere j? ? falsifica??o do vinho do bom Deus O vinho genuino e puro da verdade;

E como j? por isso, A Igreja n?o nos queime e o rei n?o nos enforque, A curia procurou mercados mais distantes, O Jap?o, o Per?, a Australia e Nova York.

Em cada igreja existe uma taberna franca Para impingir a tal mixordia, o tal horror, Ou secca ou doce, ou velha ou nova, ou tinta ou branca, Segundo as condi??es e a f? do bebedor.

Para Hespanha v?o muito uns vinhos infernaes, Um veneno explosivo e forte que produz Um delirio tremente--o General Narvaes, E um vomito de sangue--o cura Santa Cruz.

Portugal quer vinagre. A Italia quer falerno. Veuillot quer agua-raz que ponha a lingua em braza. E John Bull, por exemplo, um pouco mais moderno, Manda ao diabo a botica, e faz a droga em casa.

Ao povo, esse animal, que o Padre Eterno monta, Como ? pobre, coitado, ent?o a Santa S? Fabrica lhe uma borra incrivel, muito em conta, Um pouco de mela?o e um pouco d'agua-p?.

A fina fl?r christ?, a fl?r altiva e nobre, O rico sangue azul do bairro S. Germano, Para quem o bom Deus ? um gentil-homem pobre A quem se d? de esmola alguns milh?es por anno.

Essa como detesta os vinhos maus, baratos, Como ? de ra?a illustre e debil complei??o, Mandam-lhe um elixir que serve para os flatos, Ou para p?r no len?o ao ir ? communh?o.

De resto ha quem, bebendo essa tisana impura, Sinta a impress?o que outr'ora o nectar produzia. S?o milagres da f?. Ditosa a creatura Que no ruibarbo encontra o sabor da ambrosia.

E eu n?o vos vou magoar, ? almas c?r de rosa Que inda achaes neste vinho o esquecimento e a paz! N?o insulto quem bebe a droga venenosa; Accuso simplesmente o charlat?o que a faz.

A CARIDADE E A JUSTI?A

No topo do calvario erguia-se uma cruz, E pregado sobre ella o corpo do Jesus, Noite sinistra e m?. Nuvens esverdeadas Corriam pelo ar como grandes manadas De bufalos. A lua ensanguentada e fria, Triste como um solu?o immenso de Maria, Lan?ava sobre a paz das coizas naturaes A merencoria luz feita de brancos ais. As arvores que outr'ora em dias de calor Abrigaram Jesus, cheias de magua e d?r, Sonhavam, na mudez herculea dos heroes. Deixaram de cantar todos os rouxinoes, Um silencio pesado amortalhava o mundo. Unicamente ao longe o velho mar profundo Descantava chorando os psalmos da agonia. Jesus, quasi a expirar, cheio de d?r, sorria. Os abutres crueis pairavam lentamente A farejar-lhe o corpo; ?s vezes de repente Uma nuvem toldava a face do luar, E um clar?o de gangrena, estranho, singular, Lan?ava sob a cruz uns tons esverdeados. Crucitavam ao longe os corvos esfaimados; Mas passado um instante a lua branca e pura Irrompia outra vez da grande nevoa escura, E inundavam-se ent?o as chagas de Jesus Nas pulverisa??es balsamicas da luz.

No momento em que havia a grande escurid?o, Christo sentiu alguem aproximar-se, e ent?o Olhou e viu surgir no horror das trevas mudas O cobarde perfil sacrilego de Judas. O traidor, contemplando o olhar do Nazareno, T?o cheio de desdem, t?o nobre, t?o sereno, Convulso de terror fugiu... Mas nesse instante Surgiu-lhe frente a frente um vulto de gigante, Que bradou:

--? chegado emfim o teu castigo O traidor teve medo e balbuciou:

--Amigo, Que pretendes de mim? dize, por quem esperas? Quem ?s tu?--

--<>

Como um preso que quer comprar um carcereiro, Judas tirou do manto a bol?a do dinheiro, Dizendo-lhe:

--Aqui tens, e deixa-me partir...

O gigante fitou-o e come?ou a rir.

Houve um grande silencio. O infame Iskariote, Como um negro que v? a ponta d'um chicote, Tremia. Finalmente o vulto respondeu:

<>

E dito isto partiu a procurar Pilatos.

Vinha rompendo ao longe a fresca madrugada. Judas, ficando s?, meteu-se pela estrada, Caminhando ligeiro, impavido, terrivel, Como um homem que leva um fim imprescriptivel Uma ideia qualquer, heroica e sobranceira; De repente estacou. Havia uma figueira Projectando na estrada a larga sombra escura; Judas, desenrolando a corda da cintura, Subiu acima, atou-a a um ramo vigoroso, Dando um la?o ? garganta. O seu olhar odioso Tinha n'esse momento um brilho diamantino, Recto como um juiz, forte como um destino.

N'isto echoou atravez do negro c?o profundo A voz celestial de Jesus moribundo, Que lhe disse:

--<>

Judas fitou ao longe os cerros do calvario, E erguendo-se viril, soberbo, extraordinario, Exclamou:

--<>

E enforcou-se.

O PAP?O

As crean?as t?m medo ? noite, ?s horas mortas Do pap?o que as espera, hediondo, atraz das portas, Para as levar no bolso ou no capuz d'um frade. N?o te rias da infancia, ? velha humanidade, Que tu tambem tens medo ao barbaro pap?o, Que ruge pela boca enorme do trov?o, Que aben??a os punhaes sangrentos dos tyranos, Um pap?o que n?o faz a barba ha seis mil annos, E que mora, segundo os bonzos t?m escripto, L? em cima, de traz da porta do Infinito.

PARASITAS

No meio d'uma feira, uns poucos de palha?os Andavam a mostrar em cima d'um jumento Um aborto infeliz, sem m?os, sem p?s, sem bra?os, Aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros histri?es, hypocritas, devassos, Exploravam assim a flor do sentimento, E o monstro arregalava os grandes olhos ba?os, Uns olhos sem calor e sem intendimento.

E toda a gente deu esmola aos taes ciganos; Deram esmola at? mendigos quasi n?s. E eu, ao ver este quadro, apostolos romanos,

Eu lembrei-me de v?s, funambulos da Cruz. Que andaes pelo universo ha mil e tantos annos Exhibindo, explorando o corpo de Jesus.

RESPOSTA AO SILLABUS

Fanaticos, ouvi as coisas que eu vos digo:

Dentro d'essa pris?o cruel do dogma antigo A consciencia n?o p?de estar paralisada, Como n'um velho catre uma velha entrevada. Tudo se modifica e tudo se renova: Da escura podrid?o nojenta de uma cova Sae uma fl?r vermelha a rir alegremente. A ideia tambem muda a pel' como a serpente. O que era hontem gr?o ? hoje a seara immensa. A Verdade sahiu d'esse casulo--a Cren?a, Assim como sahiu do velho o mundo novo. Recolher outra vez a aguia no seu ovo ? impossivel; quebrou o involucro ao nascer. Como ? que p?des tu ? Egreja, pretender, Cerrando na tua m?o um box enorme--o inferno, Levar aos encontr?es o espirito moderno, Leval-o para traz, para o passado escuro, Como um bandido leva um homem contra um muro?! A trajectoria immensa e fulva da verdade N?o se p?de suster com a facilidade Com que Jusu? susteve o sol no firmamento. Atirar a justi?a, a ideia, o pensamento ?s fogueiras da f?, ? bonzos, ? impossivel: Reduzirdes a cinza o que? O incombustivel! Loucos! ide dizer ao velho Torquemada Que queime se ? capaz n'um forno uma alvorada! .................................... Sacristas, Ajuntae, reuni os balandraus papistas, As fardas sepulcraes do exercito da f?, A capa de Tartufo, a loba de Claret, A cogula do monge, enfim, tudo que seja C?r da nolte; arrancae o velho crepe ? egreja, Dos caix?es descosei os panos funerarios, Tisnae co'a vossa lingua as alvas e os sudarios, E se inda precisaes mais sombras, mais farrapos, Pedi ao corvo a aza, o ventre immundo aos sapos, Fabricae d'isto tudo uma cortina immensa, E tapando com ella o sol da nossa cren?a, Nem mesmo assim fareis o eclipse da aurora! A consciencia n?o ? a besta d'uma nora. Lembrai-vos que o Progresso ? um carro sem trav?o, E que apagar em n?s o facho da raz?o ? o mesmo que apagar o sol quando flameja Com um apagador de lata d'uma egreja.

Bonzos, podeis dizer ? humanidade--P?ra!-- Co'a foice excomunh?o podeis ceifar a ceara Da heresia; podeis, segundo as ordenan?as, Metter pedras de sal na boca das crean?as, Fazer do Deus do amor o Deus barbaridade, Chamar ? estupidez irm? da caridade E jesuita a Jesus e Christo a Carlos sete; V?s podeis discutir junto da campa o frete, Recoveiros de Deus, o frete que ? preciso Para irdes levar l? cima ao paraiso A alma d'um defunto; ? bonzos, v?s podeis Ir pedir emprestado um exercito aos reis E defender com elle o papa, o vaticano, Do cerco que lhe faz o pensamento humano, Pondo adiante d'um dogma a boca d'um canh?o; Podeis encarcerar dentro da inquisi??o Galileu; v?s podeis, an?es, contra os ciclopes Roncar latim, zurrar serm?es, brandir hyssopes, Que n?o conseguireis que a Liberdade vista A batina pingada e rota d'um sacrista, Que o direito se ordene, e que a Justi?a queira Ir a Roma tomar, contricta, o v?o de freira!

O BAPTISMO

Exeat de vobis spiritus malignas. RITUAL.

Baptisaes: arrancaes d'um anjo um satanaz. Desinfectaes Ariel banhando-o em aguarraz De egreja e no latim que um malandro expectora, Dizeis ? noite:--limpa a tunica da aurora, E ao rouxinol dizeis:--pede a ben??o da c'ruja. Daes os lirios em fl?r ao rol da roupa suja, Representaes a far?a estupida e sombria D'um conego a lavar um astro n'uma pia, Finalmente extrahis da innocencia o pecado, Que ? o mesmo que extrahir d'uma rosa um cevado, E tudo isto porque? Porque na biblia um mono Devora uma ma?? sem licen?a do dono!

EURICO

Cod. civil art. 1057 e 4031

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