Read Ebook: Clepsydra Poêmas de Camillo Pessanha by Pessanha Camilo Almeida
Font size:
Background color:
Text color:
Add to tbrJar First Page Next Page
Ebook has 36 lines and 3463 words, and 1 pages
stem? Atomo miserando... --Se o esmagasse o trem D'um comboio arquejando!...
O inane, vil despojo Da alma egoista e fraca! Trouxesse-o o mar de rojo Levasse-o na ressaca.
Chorae arcadas Do v??loncello! Convulsionadas, Pontes aladas De pesadelo...
De que esvoa?am, Brancos, os arcos... Por baixo passam, Se despeda?am, No rio, os barcos.
Fundas, solu?am Caudaes de ch?ro... Que ruinas, ! Se se debru?am, Que sorvedouro!...
Tr?mulos astros... Soid?es lacustres... --Lemes e mastros... E os alabastros Dos balaustres!
Urnas quebradas! Blocos de gelo... --Chorae arcadas, Despeda?adas, Do vi?loncello.
AO LONGE OS BARCOS DE FLORES
S?, incessante, um som de flauta chora, Viuva, gracil, na escurid?o tranquilla, --Perdida voz que de entre as ma?s se exila, --Fest?es de som dissimulando a hora.
Na orgia, ao longe, que em clar?es scintilla E os labios, branca, do carmim desflora... S?, incessante, um som de flauta chora, Viuva, gracil, na escurid?o tranquilla.
E a orchestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, Cauta, detem. S? modulada trila A flauta flebil... Quem ha-de remil-a? Quem sabe a d?r que sem raz?o deplora?
S?, incessante, um som de flauta chora...
EM UM RETRATO
De sob o c?moro quadrangular Da terra fresca que me ha-de inhumar,
E depois de j? muito ter chovido, Quando a herva alastrar com o olvido,
Ainda, amigo, o mesmo meu olhar Ha-de ir humilde, atravessando o mar,
Envolver-te de preito enternecido, Como o de um pobre c?o agradecido.
Voz debil que passas, Que humilima gemes N?o sei que desgra?as...
Dir-se-hia que pedes. Dir-se-hia que tremes, Unida ?s paredes,
Se vens, ?s escuras, Confiar-me ao ouvido N?o sei que amarguras...
Suspiras ou fallas? Porque ? o gemido, O sopro que exhalas?
Dir-se-hia que rezas. Murmuras baixinho N?o sei que tristezas...
--Ser teu companheiro? N?o sei o caminho. Eu sou estrangeiro.
--Passados amores?-- Animas-te, dizes N?o sei que terrores...
Fraquinha, deliras. --Projectos felizes?-- Suspiras. Expiras.
Na cadeia os bandidos presos! O seu ar de contemplativos! Que ? das feras de olhos acesos?! Pobres dos seus olhos captivos.
Passeiam mudos entre as grades, Parecem peixes n'um aquario. --Campo florido das Saudades Porque rebentas tumultuario?
Serenos... Serenos... Serenos... Trouxe-os algemados a escolta. --Extranha ta?a de venenos Meu cora??o sempre em revolta.
Cora??o, quietinho... quietinho... Porque te insurges e blasfemas? Pschiu... N?o batas... De vagarinho... Olha os soldados, as algemas!
FINAL
? cores virtuaes que jazeis subterraneas, --Fulgura??es azues, vermelhos de hemoptyse, Represados clar?es, chromaticas vesanias--, No limbo onde esperaes a luz que vos baptise,
As palpebras cerrae, anciosas n?o veleis.
Ab?rtos que pendeis as frontes c?r de cidra, T?o graves de scismar, nos bocaes dos museus, E escutando o correr da agua na clepsydra, Vagamente sorris, resignados e atheus,
Cessae de cogitar, o abysmo n?o sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos n?o sonhados, Que toda a noite erraes, doces almas penando, E as azas laceraes na aresta dos telhados, E no vento expiraes em um queixume brando,
Adormecei. N?o suspireis. N?o respireis.
Add to tbrJar First Page Next Page